“Juntos somos mais fortes. Todos os dias devemos manter a fé de que essa fase difícil vai passar e acreditar que a Educação salva vidas e liberta”. A fala é de Janice Delfin, ativista social no Morro dos Prazeres em Santa Tereza, zona Central do Rio de Janeiro. Com a pandemia Janice organizou o projeto Educação na Quarentena no Morro dos Prazeres, que tem o intuito de imprimir e distribuir o conteúdo online da Secretária Municipal de Educação para as crianças que não tem acesso à internet na favela.
Com sua articulação, Janice buscou, junto a escolas parceiras, apoio para iniciar seu projeto. No inicio, cerca de 30 crianças receberam o conteúdo, hoje ele já chega a mais de 300 crianças. As apostilas são uma forma de garantir o acesso a educação nesse período, já que a educação a distancia através da internet ainda não é uma boa opção para as favelas que sofrem com a falta de sinal wifi de qualidade. Mesmo os planos mais caros em todas as operadoras, não são suficientes para corrigir a falta de tecnologia para atender a todas as regiões.
Com o passar da quarentena, que a principio era de 15 dias e está se alongando para três meses, os pais começaram a dar um retorno sobre o desenvolvimento dos filhos no projeto. Algumas crianças sentiram dificuldade com os exercícios. Outras dificuldade na educação das séries iniciais à distância e a falta de preparo dos pais para poder ajudar seus filhos. Situação que gera constrangimentos nas famílias e piora a situação. Afim de corrigir essa problema a apostila precisou de uma complementação para se adequar com a realidade das famílias. Foram incluídos jogos interativos, atividades lúdicas e outros exercícios didáticos.
E para manter o ambiente de ensino, o projeto também doa kit-lanches para as crianças, que podem durar toda a semana. A cesta vem com cinco tipos de bebidas, cinco tipos de biscoitos e doces variados, pois a cada duas horas de atividade em casa é orientado pelo projeto que o aluno faça um intervalo, como um recreio, para descansar e se alimentar. Mantendo a disciplina e a rotina da escola.
As apostilas e o lanche são distribuídos na Associação de Moradores do Morro dos Prazeres que além de ceder o espaço, também é o maior apoiador do projeto. Mas tudo isso não seria possível sem a colaboração fundamental das diretoras e professores das escolas parceiras, voluntários, doadores e a orientação da professora Maria Lúcia que doou uma impressora e sempre contribui com lanches e material para compor o caderno de atividades.
As ajudas são fruto de mobilização de todos os apoiadores que contatam amigos para conseguir doações para garantir a continuidade do projeto que, sem patrocínio, vive uma semana por vez. A rede de solidariedade é tão grande que chega até a Rocinha, representada pelo projeto “Família na Mesa” e passa pelo projeto “Favela Radical” no Morro do Turano que sempre colaboram.