A 1ª edição do Projeto “O Eixo É Nois”, será realizada nesta quinta-feira, 11, no palco do Teatro do Parque, em Recife. O território será ocupado pelo ritmo e a poesia de três nomes que representam a cena Hip Hop pernambucana, Bell Puã, Okado do Canal e Bione, que ainda terá uma Live Session presencial e aberta ao público das 19h às 21h30. O nome “O Eixo É Nois” é inspirado na música “Quem é ela”, da rapper Bione, que questiona a concentração de oportunidades no Sul/Sudeste e a invisibilização de artistas nordestinos/as. O evento busca evidenciar expoentes que reafirmam a veia criativa do Nordeste.

Idealizado pela Bola1Produção, produtora que tem atuação focada em Gestão de carreiras e produção cultural, o projeto foi criado para mostrar o potencial artístico de cantores/as de Pernambuco, estado como referências diversas e que representa uma engrenagem vanguardista marcada pela inovação, e pluralidade musical que influencia o resto do país.

Bione, Bell Puã e Okado do Canal são expoentes de uma cena efervescente e que fazem da música um lugar político questionando as estruturas sociais, o racismo e a misoginia, além de retratar as crônicas do cotidiano recifense que saltam de suas composições. Em uma noite memorável para o movimento Hip Hop, o evento vai celebrar a obra desses artistas que apresentarão performances inéditas captadas ao vivo dando origem a produtos audiovisuais que serão lançados nas plataformas digitais. Poeta e atriz, Bione, o ‘O Eixo É Nois’ desempenha um importante papel para a cadeia da música ao oferecer uma estrutura técnica de qualidade para performances de artistas que normalmente não contam com tanto aparato.

“A precarização é algo muito presente na carreira de artistas do nicho Hip Hop. Então, poder apresentar um show inédito no palco de um teatro histórico com o suporte de uma equipe de profissionais competentes nos possibilita demonstrar todo o nosso potencial artístico”, ressalta a cantora.

Para Bell Puã, o projeto se contrapõe à herança colonial que concentra mais oportunidades para artistas do Eixo Sul/Sudeste, que consequentemente recebem mais atenção da mídia e do mercado. “A gente pode perceber isso no mercado da música, a abundância de artistas do sudeste que é uma reunião muito menor comparado com outras regiões, mas que tem muitos mais artistas em evidência. ‘O eixo é nois’ vem com essa proposta de lutar por esse espaço para artistas nordestinos e mostrar que a visibilidade não tem só a ver com talento e qualidade, mas com a concentração dos recursos dos investimentos e atenção da mídia”, comenta ela, que acaba de lançar seu primeiro EP, “Jogo de Cintura”.

“Divulgar a música do nosso Estado fortalece toda uma cadeia criativa e oferece entretenimento de qualidade para o público pernambucano, além de valorizar a produção de artistas que merecem contar com uma estrutura de qualidade para apresentar suas produções”, pontua Rodrigo Ramos, um dos idealizadores do projeto.  Com o intuito de democratizar o acesso do público, as entradas para o evento serão gratuitas. Os ingressos podem ser retirados na plataforma Sympla e estão sujeitas à capacidade máxima do Teatro, que contém 644 assentos disponíveis.

SOBRE O/AS ARTISTAS

Okado do Canal 

Ator, bboy, realizador audiovisual e arte-educador, esse artista encontrou no rap uma forma de reescrever a história que vinha sendo escrita para ele, assumindo as rimas da própria vida. Carregando o orgulho da sua origem no próprio nome, transformou a música em uma arma para lutar contra a opressão de uma sociedade sistematicamente racista e desigual. 

A música de Okado se diferencia porque fala de vitórias, de amor, de alegria e se mistura sem medo com outras linguagens dentro e fora do rap: trap, boom-bap, brega-funk e até com o cinema.

Bell Puã

Assim como Okado, a artista também é fluente em várias artes. Sua porta de entrada foi a poesia, mas não foi qualquer entrada: com o pé na porta ela entrou carregada da força, da fúria e – porque não – da ternura da mulher preta pernambucana. 

Campeã nacional do Slam BR 2017, finalista do Prêmio Jabuti de literatura e mestra em História pela UFPE, em ritmo de trap e com cheiro de mangue, Bell se lançou na cena do hip-hop, misturando em um só caldeirão referências ancestrais e pop, incorporando as reflexões ácidas que sua poesia já tinha aos versos ágeis do rap.

Bione

Vinda do mesmo berço poético das batalhas de rima nos Slams que Bell, a rapper Bione é uma das mais jovens e também mais destacadas mulheres na cena do rap em Pernambuco. Atuando na cena Hip Hop de Recife desde os 14 anos, em que ao final de 2018 representou Pernambuco na batalha nacional de poesia falada Slam BR 2018. 

Em 2019, lançou a mixtape “Sai da frente” e o livro Furtiva (Castanha Mecânica, 2019). Em 2020, foi vencedora do Festival Pré-AMP conquistando como premiação a gravação do seu primeiro disco intitulado “EGO” com 10 músicas autorais e participações de nomes como Rayssa Dias, Adelaide, Iza, Mãe Beth de Oxum e Bixarte.