A praia de Itapuama, localizada no litoral sul de Pernambuco, ainda apresenta vestígios do óleo que vazou há um ano no litoral brasileiro. O tratamento incorreto dado ao material pode ter sido a causa para o impacto negativo no ecossistema da região. Um ano após o vazamento contaminar as praias brasileiras, ainda é possível ver resquícios do material e os danos causados ao meio ambiente.
Itapuama foi a região mais atingida do litoral pernambucano, em volume de material retirado da praia, totalizando 600 toneladas de óleo. No local é possível observar que ainda existe óleo para ser retirado, tanto solidificado na faixa de areia quanto encrustado nos coqueiros e vegetações na faixa da praia.
Estevão Santos, coordenador do Projeto Onda Limpa Para Gerações Futuras e morador da praia de Itapuama, relata que ao saber que o óleo havia chegado à praia de Porto de Galinhas, fez contato com outros ativistas das demais praias para ficarem em alerta e iniciarem o monitoramento local.
“Eu como morador da beira da praia e com o Projeto Onda Limpa, fui um dos responsáveis por ficar monitorando a chegada ou não do óleo. No mesmo dia que apareceu aqui, eu estava lá de cima observando e não tinha aparecido nada. Até mandei um áudio pra galera. Cinco minutos após o áudio, o óleo apareceu ali nas pedras, com a maré secante. Prontamente peguei um carro de mão no mirante de Itapuama, chamei uma galera, peguei uns EPI’s que eu tinha, basicamente luvas, e fomos tirando. Eram como tapetes, só que de óleo. Passei 15 dias em contato direto nessa retirada, com a chegada dos demais voluntários. A Ação Comunitária Caranguejo Uçá presenciou o processo. E o material ficou acondicionado aqui pelos órgãos públicos. O óleo chegou uma semana após o evento que eu realizei aqui, e em torno de dois meses ele ficou acumulado, foi quando bati de frente e começaram a retirar aos poucos”, Estevão Santos.
Estevão afirma que contestou os funcionários que estavam retirando o óleo do mar e depositando na areia sobre os danos ambientais que poderiam ser evitados. “Ibama e Agência Estadual de Meio Ambiente- CPRH, vieram aqui, conversaram comigo, mas não teve jeito. Abriram três valas em um espaço de 20 metros para transporte e depósito do óleo, e nas primeiras toneladas nem a lona estavam colocando, o óleo era jogado diretamente na areia”.
O manuseio incorreto do óleo no local ocasionou a morte de dois coqueiros que ainda possuem os resíduos solidificados nos troncos, e deteriorando sua estrutura. Segundo Estevão, “o representante da ONU chegou e ficou criticando as atitudes tomadas, que não poderia ser deixado a céu aberto como estava sendo, deu a orientação de como era para ser colocada a lona. Mas eu, Estevão, sempre evidenciei que estava sendo causado um dano ambiental em uma área privada. Depois vieram algumas secretarias, disseram que não havia mais vestígios do material, que é uma mentira, porque os vestígios estão aí a céu aberto. Até as valas por onde passaram os tratores deixaram abertas”.
A bandeira levantada pelo coordenador do Projeto Onda Limpa Para Gerações Futuras é da relevância de realizar o estudo do impacto ambiental.