O Projeto Novos Sonhos, que oferece aulas de futebol para crianças e adolescentes no Campo da Aliança, localizado no Quitungo, Brás de Pina, Zona Norte do Rio, foi criado há quase um ano por Elias Barros e Jonas da Silva, atuais treinadores do projeto. O Novos Sonhos recebe cerca de 80 crianças e adolescentes. A iniciativa tem como objetivo relembrar os jogos de futebol que aconteciam no Campo da Aliança e busca renascer o estilo antigo de jogar futebol, o futebol-arte. A última vitória dos jogadores do projeto foi o Campeonato Sub-13 da Cintra 2018, de 3×2 no time adversário.
Jonas explica que Elias Barros, conhecido como Fiuca, foi quem iniciou o projeto, quando dava aulas de futebol para o filho, Kayky, 14 anos, no campo e outras crianças aparecerem com interesse em aprender, também. Quando o número de alunos aumentou, Fiuca chamou o amigo para ajudar nos treinos.
– Quando o números de crianças passou de vinte, ele me chamou pra ajudar. Eu sou o criador do projeto, mas o Elias é o idealizador.
Marilene Barros, mãe de Kayky e esposa de Fiuca, explica a importância das atividades para os jovens que antes não tinham outras ocupações além da escola. “Aqui, eles aprendem disciplina, união, amizade, não ficam soltas na rua”, conta.
Jonas explica que os treinos não têm como objetivo formar jogadores profissionais, e sim, ser um tipo de vitrine para expor o talento e encontrar investidores na carreira dos jovens. Eles ensinam as primeiros técnicas do futebol, como chutar para o gol com as duas pernas e a disciplina dos treinos. Ele diz que o caminho para os jovens que pretendem ser jogadores profissionais em grandes clubes é muito difícil e a competição desleal, ainda mais quando se trata de crianças com poucos recursos financeiros, como é o caso da maioria dos alunos do projeto. Exigem altos custos para o jovem participar dos testes de clubes, muitas vezes até para clubes pequenos.
– Muitas vezes o rapaz precisa comprar um bom “meião”, que custa uns R$ 40, ter uma boa chuteira pra campo e até pra salão, as vezes pedem até uma bateria de exames médicos, tirando a alimentação e passagem. Chega a custar mais de R$ 400 só pra conseguir fazer um teste, a família tira da renda de casa e faz falta.
Acreditando no sonho
As atividades do Projeto Novos Sonhos não têm fins lucrativos e não contam com o apoio financeiro de empresas e nem de instituições privadas. Por conta disso, Jonas e Fiuca contam com um time voluntário fora de campo para a continuação das atividades. É o caso do Nelson Capitão, como é conhecido o dono de um bar que funciona ao lado do campo, oferecendo garrafas de água durante os jogos; Durval Ferreira, considerado padrinho do projeto e que faz parte do peladão de domingo; e Fernanda Carvalho, mãe de um dos jovens e madrinha do projeto, auxiliando e apoiando nos dias de jogo.
A maioria dos jogadores estuda e sonha em fazer parte de um grande time. Pedro Lucas, 12, está no projeto há quatro meses e sonha em ser jogador do Vasco, mas diz que não teria problema se não fosse contratado quando for mais velho. “Não tem problema. Quem decide não é a gente. Quero entrar para um clube grande, mesmo não sendo o Vasco”, diz.
Kevin, 11, quer ser jogador do Fluminense, mora em Belford Roxo e diz que sua família o apoia a ser um futuro jogador. Kawã, 12, também quer jogar no Vasco, diz que sua mãe é quem mais torce na sua família pelo seu objetivo.
Jonas conta que poucos pais frequentam e estimulam os jogos dos filhos. Alguns pelo cotidiano difícil de trabalho e cuidados da casa, outros por não acreditarem totalmente nos sonhos das crianças.