Promotor investiga suposta execução de suspeito por Queiroz e Adriano em 2003

Queiroz e o então deputado Flávio Bolsonaro, em cujo gabinete trabalhou - Foto da internet

O Ministério Público do Rio de Janeiro remexe um caso de possível execução policial em 2003 em que dois PMs são acusados: o segundo sargento Fabrício Queiroz e o tenente Adriano da Nóbrega. Ambos fizeram parte de uma incursão à Cidade de Deus em 15 de maio daquele ano, abordaram Anderson Rosa de Souza, de 29 anos, levaram-no a um canto e o mataram com três tiros, um na parte de trás da cabeça, um no peito e outro nas costas. Faltam três anos para a prescrição do crime.

O promotor que está com o inquérito em mãos levanta questões sobre a investigação, a começar pelas armas dos PMs e a munição disparada por elas não terem sido periciadas. O comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, em Jacarepaguá, à época encaminhou o inquérito para arquivamento na justiça militar mas o enviou à Polícia Civil porque alimentava sérias suspeitas de execução. A fama de violentos dos dois policiais era tamanha que ainda hoje são lembrados e quando Queiroz apareceu na tevê depois da prisão em Atibaia moradores da Cidade de Deus o reconheceram de imediato.

A viúva e o irmão de Anderson, que o identificou no necrotério, jamais foram ouvidos no inquérito que aponta a morte como “auto de resistência”, ou seja, quando a vítima troca tiros com policiais, e inclui arma e uma bolsa com cocaína e maconha como provas de que ele era traficante. A família nega. A viúva diz que amigos a avisaram ainda com a operação em andamento que a PM tinha pegado e matado seu marido.

A 32ª Delegacia Policial, na Taquara, é a responsável pela investigação. Ao longo dos anos, vários delegados chefiaram a delegacia, mas o inquérito não andou. A polícia chegou a desengavetar a papelada, mas apenas para pedir o arquivamento do caso. No total, foram 13 tentativas de arquivamento. Como tudo aconteceu em 2003, se a morte de Anderson for um homicídio, o crime prescreve em 2023 e ninguém mais poderia ser condenado por ele.