Promova o que te encanta: Slam é resistência

Slam Laje na pedra do Sapo - Complexo do Alemão. Foto: Nathália Menezes

“A favela está passando a mensagem, Slam Laje! Slam Laje! Abra o seu coração.”

E é isso que quem vai ao Slam faz: abre o coração.
Com esse grito, os poetas são chamados para apresentar suas poesias autorais.
O Slam foi criado nos Estados Unidos na década de oitenta.
Em 2008, MC Roberta Estrela D’alva trouxe para o Brasil.
No Complexo do Alemão, o Slam Laje é realizado por uma dupla de poetas favelados. Sabrina Martina, a MC Martina e Alan, o AL Neg, tocam a produção do evento, o qual vem circulando as comunidades do conjunto de favelas.
Eu sou grata aos dois. Pois graças a eles eu conheci essa arte.
Eu nunca saio de um Slam da mesma forma que cheguei.
Cada poesia traz tantas reflexões.
São vivências daqueles que usam esse espaço para desabafar.
Arrisco dizer que ir à um Slam é ter conhecimento.
Conhecimento este partilhado por meninos e meninas, homens e mulheres que trazem nas letras temas sobre racismo, machismo, guerra às drogas, religião, sexualidade, direitos. E é razão disso que ele traz tanta representatividade, principalmente para as favelas e periferias.
Na última edição do Slam Laje, lá no Morro da Pedra do Sapo, uma das comunidades do Alemão, o evento que antecedeu a véspera dessa eleição complicada, ficou marcado mais uma vez pela resistência. Após uma tarde cheia de atividades, com um almoço servido para as crianças e os demais que haviam chegado cedo, oficinas de passinho e audiovisual, a ação contou com o retorno do Grupo Contra Bando de Teatro, apresentando a cena “É tempo de Brincar.” No finalzinho da apresentação do grupo, a chuva caiu.

Grupo Contrabando de Teatro – Créditos: Nathalia Menezes

Então a organização decidiu descer para a estação do teleférico do Alemão.
Como plano B, a decisão foi tomada por lá ser um espaço coberto que poderia abrigar o público da chuva.
Ali fora, enquanto ainda chovia, o coletivo Nós da Rua, recitava uma poesia coletiva.
Depois iniciou as batalhas.
Enquanto um dos poetas recitava, policiais fardados da UPP, passavam com suas armas apontadas.
A batalha devia ser apenas de poesia, mas diante o atual cenário que as favelas e periferias vivem, a batalha é pela vida.
Slam é resistência.