Como estudante do Ensino Médio e morador da comunidade de Luiz Caçador, em São Gonçalo, quero humildemente oferecer minha contribuição a essa importante discussão que a Agência de Notícias das Favelas está conduzindo.
Enquanto as classes média e alta, embaladas pela demagogia de certas emissoras de televisão, festejam a ocupação policial, encarando-a como a “solução final” e aceitando QUALQUER COISA em nome de mais repressão, mais gastos com armas, mais supressão das liberdades individuais das classes populares, outras áreas mais importantes, como educação e saúde, deixam a desejar.
Não consigo entender por que a segurança e a repressão, que só são necessárias quando já existe um problema, recebe muito mais recursos do que a educação, que evitaria o problema antes dele começar, cortando uma de suas causas pela raíz.
Aliás, até mesmo na questão da educação o governo estadual quer resolver a coisa ao modo do “Capitão Nascimento”, com tiro, bomba e truculência, ao invés de diálogo, valorização e investimentos. Só para se ter uma idéia e sem falar em valores, dos quais todo professor se envergonha, um professor da rede estadual ganha TRÊS VEZES MENOS do que um professor da rede municipal da cidade do Rio, por exemplo. E isso por mesma jornada de trabalho!
Em um protesto realizado no ano passado, professores reinvindicavam pacificamente melhores condições salariais e mais investimentos. Ao invés de dialogar, o governo mostrou o seu caráter violento, mandando a polícia reprimir com truculência os professores:
Acho que as imagens falam por si mesmas. Na cobertura da grande imprensa sobre os acontecimentos recentes ainda não vi ninguém tentar mostrar qual o papel da educação nisso tudo. Mas talvez eu, que não tenho plano de saúde e estudo em escola da rede estadual na qual o professor ganha menos que um PM e nem vale transporte tem, é que esteja errado. Quem sou eu para falar alguma coisa, né? Talvez a solução seja mesmo colocar um tanque em cada bairro pobre e colocar arma na cara de professor. Vendo isso tudo, que lição a gente tira? Se até professor, trabalhador que estudou, leva arma na cara e bomba, sendo esculaxado, talvez muitos pensem que a solução… bem, deixa pra lá!
Vejam mais detalhes nas seguintes notícias:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u621023.shtml