15 dias após a eleição da sede das Olimpíadas de 2016 a derrubada do helicóptero da PM em confronto com facção do tráfico de drogas ilegais recolocou o Rio de Janeiro nos holofotes da mídia internacional.
O episódio desencadeou uma série de operações policiais repressivas, que em cerca de 1 semana produziram um saldo de mais de 40 mortos oficialmente. Podemos dizer que assistimos à maior onda de barbárie institucional na “Cidade Maravilhosa” desde a Chacina do PAN, realizada em julho de 2007 no Complexo do Alemão, totalizando 19 mortes.
O incidente com o helicóptero demonstra mais uma vez a temeridade da utilização de dispositivos de guerra em áreas densamente povoadas. Tal inesperado, porém previsível ataque, soou como uma carta branca para o extermínio habitual, percebida muito claramente na expressão “vamos sacudir o morro”.
Para os que tinham dúvidas quando da implementação das Unidades de Polícia Pacificadora, está evidente que a política de segurança fluminense preconiza o confronto em detrimento da inteligência policial.
A resposta vindicativa traz à tona o fechamento de escolas, invasões de domicílio, denúncias de “aluguel” do blindado caveirão, mortos e feridos. Impressiona constatar que poucas são as vozes a refutar o modelo bélico imposto como there is no alternative.
A cidade do Rio de Janeiro será palco de eventos de repercussão mundial como a Copa dp Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. É assustador imaginar as cifras letais que podem ser alcançadas pelo padrão genocida da política de segurança vigente.
Quantos corpos mais deverão tombar, inocentes ou não, para que os governantes se convençam da necessidade de uma política de segurança pública baseada na defesa da vida?
João Tancredo
Advogado, Presidente do Instituto de Defensores de Direitos Humanos