Não me sinto muito à vontade para escrever sobre política, pois não nasci para ser o “isentão”. Sou claramente adepto a ideias da esquerda e não quero soar diferente disso. Porém, diante do primeiro debate para o cargo de prefeito ou prefeita de Salvador, me sinto na obrigação de escrever esse texto e alertar: estamos num mato sem cachorro, talvez sem mato, talvez nem estejamos. Tá osso!
Nem que eu quisesse defender a esquerda, eu conseguiria. A estratégia de validar uma figura da polícia diante de tantos casos de extermínio e violência policial foi o maior tiro no pé que o PT poderia ter feito. Surfar na onda militarizada é esperar um caldo proeminente.
Mas não é só isso, a esquerda protagonizou ontem um clube do bolinha/luluzinha ao ver seus representantes sempre introduzir respostas exaltando os feitos do governo do estado. Está claro que a estratégia foi pulverizar os votos no primeiro turno, conseguir com que algum deles vá pro segundo e depois unir forças tal qual um Megazord tentando derrotar o monstro gigante.
A formação de rangers é Major Denice, Olívia Santana e Bacelar. Essa estratégia é tão boa quanto quebrar a corda do violão do seu amigo, colocar um cadarço no lugar e torcer para ele não notar a diferença.
Em terra de doido, quem tem uma bíblia não mão é rei. Pelo menos Isidório deixou o botijão em casa, afinal, andar por aí com algo que vale o olho da cara é perigoso. “Passa o botijão!!!” Isidório é uma roleta russa onde há um cartucho com nove baboseiras e uma fala certeira.
A questão é que não dá pra confiar em alguém que se apresenta com uma titulação militar e religiosa, dois motivos que me levam a não votar. Se eu pudesse, eu não votaria nele duas vezes. Seus comentários e respostas, ontem, só confirmaram o que todos já sabemos; só doido vota em doido.
Hilton 50 da capital da resistência deveria sempre começar suas falas com seu jingle. Apesar de ter ganhado meu voto nas ultimas eleições, dessa vez deixou a desejar sendo mais do mesmo. Na política, a atualização é muito importante e a estratégia reativa de dedo na cara do PSOL já não encanta mais ninguém.
Nada foi mais forte do que a camisa de Marielle, ótimo símbolo para lembrarmos do que a política é capaz, mas, no final das contas, foi a única marca que Hilton deixou registrado. De resto, foi uma reprise de tantos outros debates com representantes do PSOL.
Bruno Reis está em primeiro na disputa, mas isso não é nenhum mérito, é como ir pra uma festa, dançar com algum parente e se sentir feliz. Era perceptível que o cérebro de Bruno funcionava de três formas; “você precisa olhar pra câmera”, “você precisa sorrir”, “você precisa lembrar a todos que ACM Neto é seu best friend”.
De todos, é o que tem mais responsabilidade na mão, pois me parece o único que tem algo a perder. Quer dizer, ele não, mas uma possível derrota – principalmente nesse cenário – faria Netinho subir numa escada e lhe proferir bons cascudos. Bruno Reis não passa confiança nenhuma e tenta emular, falhando miseravelmente, os trejeitos de ACM. Ele é o boneco de Olinda de Netinho.
Com certeza devo estar esquecendo de alguém, mas o candidatos são bem esquecíveis mesmo. Talvez esse seja o primeiro debate que ninguém ganhou e que todos nós perdemos. As cenas dos próximos episódios poderiam ser trocadas por um cancelamento da temporada e substituição dos personagens, mas não vai.
Nos resta analisar bem e votar em alguém que possa propor alguma mudança significativa, mínima que for. Se ainda der tempo, vou me candidatar, trocar o nome Anderson Shon para Anderson Nulo, assim irá aparecer na urna A. Nulo e eu, com certeza, serei a sua melhor opção de voto. Boa sorte.