Jornalismo, ausente! Esquerda, ausente! Quem vai pedir o impeachment?
Teori Zavascki, ausente. Ricardo Boechat, ausente. Paulo Henrique Amorim, ausente. Miliciano Adriano, ausente. Marielle, presente! Jornalismo brasileiro, um zero à esquerda! Por falar em esquerda, por onde andam os parlamentares e os partidos de esquerda que ainda não entraram com um pedido de impeachment do presidente?
O que estão esperando? Que ele decrete o novo AI-5? As evidências são tantas, os desmandos administrativos são tantos. Os crimes de responsabilidade ou (ir)responsabilidade são tantos que superam qualquer pedalada fiscal em bicicleta, triciclo ou quadriciclo do mundo.
Enquanto a esquerda se limitar a gritar “Marielle, presente!” e expor sua imagem em cartazes desbotados, nada vai acontecer. Se já sabemos que os milicianos moram no mesmo condomínio do presidente, que eles se reuniram naquele endereço na véspera da morte de Marielle, que foram encontrados mais de 100 fuzis em outra ocasião no mesmo condomínio, o que está faltando para que a polícia conclua as investigações? Quem falta ser ouvido? Quem falta ser intimado? Está faltando papel? Está faltando decisão? Eu empresto uma resma de papel A4!
E por falar em intimação, cadê o Queiroz? Esse homem não tem endereço fixo no Rio ou em São Paulo? Não tem familiares? E o hospital no qual ele estava se tratando não tem seu endereço no prontuário? Cadê o jornalismo investigativo? Morreu junto com Marielle, Zavascki, Boechat e Paulo Henrique? Ai que saudade de Roberto Cabrini! Quem não deve suportá-lo é Fernando Collor!
Se a esquerda não faz, o jornalismo deveria fazer. Eu quando estudei no desejado e saudoso Decom (Departamento de Comunicação) da Universidade Federal da Paraíba ouvi falar por ali que a imprensa seria “O quarto poder”. Que poder foi esse que se diluiu com o tempo? Justo agora que temos mais recursos, que temos o mundo dentro de casa através da grande rede? Fui de um tempo que fazer jornalismo era esperar horas e horas até acabar uma reunião para saber o resultado quando cobria uma greve da educação na Paraíba. Hoje, o resultado vem pela internet, no entanto, o jornalismo empobreceu. Ganhou volume de informação, perdeu conteúdo investigativo.
O jornalismo virou entretenimento! As grandes empresas de comunicação escalam jornalistas, repórteres fotográficos e câmeras men para se acotovelarem na porta da casa de artistas e nos restaurantes que eles frequentam para fuçar suas vidas, mas são incapazes de descobrir o endereço de Queiroz e fazer plantão em sua porta. Como pode ser denominado esse fenômeno? Isso o eu não aprendi no Decom!
Ih! Já estou mudando o rumo da conversa. E o impeachment do presidente, vai sair ou não vai? Se eu fosse Silvio Santos perguntaria: quem quer dinheiro, quem quer dinheiro…
Dois fatos novos agravaram a situação: o ex-ministro Gustavo Bebiano, que foi a um programa de TV na semana passada e disse que temia por sua vida, sofreu um infarto fulminante e morreu na manhã de ontem.
Já na manhã de hoje (domingo, 15 de março) o próprio presidente da república incentivou as pessoas e ele mesmo foi à público apertar a mão, dar abraço, colar o rosto para selfie, num momento em que o mundo inteiro isola as pessoas, fecha fronteiras, cancela eventos. Um absurdo, um ato totalmente irresponsável e insano. O presidente que foi eleito em nome da família e dos bons costumes já passou de todos os limites!
Ele desautoriza seu próprio governo, que recomendou que as pessoas fiquem em casa e cancelou shows, jogos de futebol e outros eventos com aglomeração de pessoas. Mais que isso: coloca em risco a minha, a sua, a nossa família, pois deixa o Brasil vulnerável e em ambiente propício à multiplicação do vírus. Vírus esse que o prefeito de New York e uma dezena de pessoas de sua comitiva adquiriram ao fazer contato com ele na semana passada.
E aí, quem vai pedir o impeachment? Tudo indica que vai ser Alexandre Frota. Uma vergonha para a esquerda brasileira. Uma vergonha para o jornalismo que faz vista grossa a tudo isso.
Ainda bem que temos Frota, o ator pornô que também foi eleito em nome da família. Esse entende de safadeza. Ele ajudou a eleger o presidente. Certamente, saberá acabar com a farra! Quem diria que um dia fôssemos apelar para a sensibilidade artística e política de Frota!
Vamos tomar um café?