Não posso deixar passar em brancas nuvens a mudança do nome do Auxílio Brasil para Bolsa Família. O AB surgiu na esteira do Auxílio Emergencial da época da pandemia braba, do isolamento social e do Vampiro de Brasília, que repetia por onde ia “E o que eu tenho a ver com isso?”, “Não sou coveiro”, “Sou Messias mas não faço milagres”, “Vão ficar chorando até quando?”, “Não passa de uma gripezinha”, “Bando de maricas” e outras expressões de elevado calão que atestam o nível intelectual, cognitivo e comportamental do presidente.
A volta do Bolsa Família corrobora minha opinião de que o Brasil gosta de repetir velhas ideias, boas, nem tanto ou péssimas, durante sucessivos governos, e a prova disso é que a origem do BF foi o programa Bolsa Escola, de 2001, plena era Fernando Henrique Cardoso, o Príncipe da Sociologia. Já naquele ano o ex-governador do Distrito Federal Cristóvam Buarque subiu nas tamancas e esbravejou que o autor da ideia tinha sido ele e FHC a roubara na maior cara de pau. Vida que segue e o BE virou Bolsa Família pelas mãos do PT e desde então é apontado como grande iniciativa, “agora sob nova direção”.
Pois bem: tudo isso é para mostrar como o administrador público tupiniquim tem pouca ou nenhuma criatividade e sobrevive de usurpar e adaptar ideias dos antecessores e que quando se revelam fracassos são sumariamente apagados da história da república. Para lembrar o mais antigo ex-presidente ainda entre nós, José Sarney criou o Vale-Gás e o Tíquete do Leite, este último causador de uma polêmica incrível entre deputados pró e contra o governo. Governistas aplaudiam a iniciativa enquanto o outro lado dizia que pobres chefes de famílias pobres desviavam o valor do vale para beber cachaça nas biroscas periféricas. Nada foi provado, mas a reputação dos pobres chefes de famílias pobres ficou manchada para todo o sempre.
Hoje, assistindo à discussão sobre o valor da Bolsa Família, mais os 150 reais por criança na escola e mais alguns penduricalhos escondidos no texto, percebo que somos o cachorro correndo atrás do rabo, furioso e insano, até meter os dentes na própria carne e gritar de dor aos olhos da plateia entre perplexa e alheia ao circo armado em volta dela.
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