Uma notícia que deu bastante repercussão, nas ultimas horas, foi a condenação do DJ Rennan da Penha. Apenas relembrando um pouco o caso, que já foi notícia aqui e em muitos outros lugares, ele foi condenado em segunda instância, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, junto de mais dez pessoas, a seis anos e oito meses de prisão, acusado de associação ao tráfico de drogas.
Rennan é o idealizador do Baile da Gaiola, um dos bailes de favela mais famosos da atualidade, que tem repercussão nacional. No mundo da música, ele já fez parcerias com muitos artistas que estão no topo das paradas de sucesso, como MC Livinho, Nego do Borel e Ludmilla, e se tornou uma das referências do gênero.
A justiça acusou Rennan de ser autor de trabalhos que supostamente fazem apologia às drogas e que enaltecem o tráfico. Uma das testemunhas teria apontado ele como “DJ dos bandidos”, que serviria para atrair novos usuários para os bailes. Bom, até o momento que essa matéria sai, não encontraram provas verdadeiras de drogas, e nem ligações, e apenas haveriam registros de fotos e conversas antigas, que pouco tem representatividade.
Como era de se esperar, a base de fãs e muitas outras pessoas se revoltaram nas redes sociais. A verdade é que, até agora, as acusações sem provas concretas dão a essa decisão judicial a cara de ter racismo envolvido. Racismo contra um rapaz negro, pobre, favelado, que contrariou as estatísticas históricas e chegou no topo do sucesso. E assim, incomoda muita gente.
Primeiramente, os shows em que ele atua não são os únicos em que a circulação de drogas e outros tipos de substâncias ilegais acontece. Muitos eventos de música eletrônica da classe alta, como raves e afins, são famosos pelo uso deliberado dos mais variados tipos de drogas. Será que as investigações chegarão nesses locais também? Ou serão focadas apenas no que vem da favela? Além de tudo, é muito difícil responsabilizar o DJ por tudo isso.
Ele é um influente artista da atualidade, e que faz a favela ter mais voz e expressão, e está sendo tratado como elemento do tráfico, por vir da periferia e se destacar. No começo do ano, ele estava até distribuindo material escolar para as crianças da sua comunidade. Aparentemente, ter sucesso é errado e isso tem que ser impossível.
Imaginemos o estrago que essa prisão pode causar na sua carreira. Só o fato dessa condenação existir, já atrapalha e muito. Não vale só para Rennan, mas para todos envolvidos no seu trabalho, e outros que se beneficiam do comércio nos bailes, principalmente moradores locais que empreendem.
Seguem assim alguns cenários tristes, principalmente o de decisões tomadas baseadas em racismo, e outros preconceitos sociais. Segue a criminalização do funk, que é uma expressão artística fundamental da periferia. É assim que se calam vozes que dão retorno à sua comunidade e a seu povo, através de arte e cultura. É mais um jeito de botar o funk e os complexos de favelas de volta nos cadernos policiais de. Essa é a justiça brasileira.