Não sou a favor de mudanças impostas em nossa sociedade. Acredito que o diálogo com a população é a melhor maneira de comprovar que o que vivemos é de fato um sistema democrático. Não vejo com bons olhos políticas públicas que são impostas a qualquer custo e não podem ser criticadas, pois precisam demonstrar que foi a melhor e que estão dando certo. Também não acredito só na crítica ao Estado, como vejo alguns fazendo, só porque não gosto do governante “A”, “B’ ou “C”, ou ainda porque o meu partido (que fique claro que não pertenço a nenhum partido político) não é o mesmo de quem está no poder. Acredito que a população precisa ser ouvida e muito mais a população da favela, que é quem mais sofre com as políticas de segurança. A Agência de Notícias das Favelas adota uma Política Editorial onde ouvir os dois lados se faz primordial, porém deixamos claro também que existimos para dar voz aos pobres, tentando assim equilibrar as forças em um jogo de poder midiático, onde a grande mídia está quase sempre em favor da elite.
Acabei de encontrar em uma mídia social o texto abaixo que resolvi reproduzir aqui, por enquanto sem citar a fonte, já que a pessoa ainda não me autorizou. A ideia não é, como já disse, ficar questionando deliberadamente, mas provocar um debate para que a população, principalmente a que sofre na ponta desse processo possa ser ouvida e denunciar atos como os que estão descritos abaixo. Minha esperança é que a situação melhore e que a UPP não seja apenas mais Um Projeto de Poder.
Ontem realizamos um baile, dentro da Quadra do Fogueteiro que reuniu famílias, gente de bem de todas as idades e sexo, sem discriminação, sem arruaça, enfim tudo na santa paz de Deus.
Apesar da “benção” da UPP, alguns grupos de policiais apareceram e, de forma rude e sem justificativa, iniciaram um longo processo de revistas, encostando jovens na parede, interrogando e revistando todos que “aparentemente” tinham atitude suspeita. Gostaria muito de saber o que é “atitude suspeita” e como podemos mudá-la (aos olhos deles).
Pararam todos os veículos, não importando o nó que deram no trânsito local, tratando com falta de respeito os motoristas e sendo rude com pessoas de fora da comunidade, que vieram somente para registrar o evento e nos prestigiar.
Não sei até quando ainda vão continuar tratando a todos como marginais. Até quando irão julgar a maioria pelos erros de uns poucos. Acredito na convivência através do diálogo e do respeito mútuo. Como querem uma aproximação com os moradores do morro, se os tratam como bandidos?
Um dos policiais chegou ao ponto de dizer pra mim que estava vindo ver se estava rolando alguma sacanagem no local. Outro policial ainda disse: “Vamos zuar esta merda toda até acabar, que se fodam eles!”.
Sem contar que entraram na quadra, com arma em punho, mirando as pessoas, contrariando a lei estadual proíbe a entrada de pessoas armadas em lugares fechados com a presença de público.
Isso é pacificação?
Foi notório que ontem já chegaram pedindo confronto. De arma apontada para as pessoas, em posição de guerra, como se ali só existissem marginais. Estavam tentando, o tempo inteiro, arrumar uma confusão que justificasse o encerramento do evento.
Prefiro e preciso acreditar que atitudes como estas não sejam ordens do comandante e nem do Secretário de Segurança, até porque não foi o que me disseram recentemente. O Coronel Seabra esteve comigo na quarta-feira, conversamos sobre o morro, e ele disse que quer uma aproximação maior entre a UPP e a comunidade, que fará o possível para que a comunidade se sinta protegida pela polícia , e que estará disponível para um diálogo mais constante conosco.
Se o comando geral das UPP’s tem este discurso, porque os “comandados” não respeitam?
OBS: Os policiais no local chegaram em viaturas do 7º Batalhão de Polícia Niterói. Por quê?