Na última terça-feira, 9, o Tribunal de Justiça Federal, em Salvador, Bahia, absolveu João Paulo Vieira Barreto, gerente geral da Caixa Econômica Federal, em um caso que exemplifica de forma contundente o racismo estrutural e o privilégio branco. O episódio remonta o ocorrido em 19 de fevereiro de 2020, quando Crispim Terral de Souza, após ter R$ 2.056,00 retirados indevidamente de sua conta, compareceu a agência localizada na Avenida Sete, no Relógio de São Pedro, pela oitava vez para reivindicar o reembolso.
Após quatro horas de espera, Terral relata ter sido subornado pelo gerente Mauro e repudiado ao sentar-se na mesa do gerente geral João Paulo Vieira Barreto. Em uma sequência de eventos chocantes, Barreto ordenou que Terral fosse algemado, afirmando não fazer acordo com “este tipo de gente”. Terral foi submetido a um mata-leão e retirado à força da agência, tudo isso na frente de sua filha menor. O gerente não foi conduzido à delegacia.
Depois de uma longa batalha, a Caixa Econômica Federal devolveu o valor de R$ 2.056,00 a Terral. Contudo, em 11 de setembro de 2023, o juiz Ricardo Medeiros Netto absolveu João Paulo Vieira Barreto, argumentando que a conduta do gerente ao ordenar a algemação de Terral e recusar diálogo foi meramente um ato de “rispidez”.
A absolvição do gerente geral causou indignação e revolta. A professora Doutora Bárbara Carine, através das redes sociais, publicou um vídeo elucidativo sobre como o racismo permeia as estruturas sociais na Bahia, ressaltando a necessidade de reconhecimento e combate ao racismo institucional. Segundo Carine, o caso de Crispim Terral exemplifica a violência e discriminação enfrentadas pela população negra no Brasil, e a decisão judicial reforça o privilégio branco, perpetuando a impunidade em casos de racismo.
A luta de Crispim Terral é emblemática de uma sociedade que ainda precisa enfrentar profundas desigualdades e preconceitos. A decisão judicial pelo Tribunal de Justiça Federal foi um golpe doloroso na maior população negra fora do continente africano. Contudo, este é um momento crucial para a reflexão e ação contra o racismo estrutural no país. A comunidade e aliados continuam vigilantes, buscando justiça e igualdade para todos.