Ao observarmos toda a tecnologia de comunicação que existe atualmente, principalmente ao pensarmos em internet e redes sociais, falar em rádio parece ultrapassado e desnecessário.
Porém, o que poucos sabem, é que se hoje acontecer uma catástrofe, alguma destruição em massa que acabe com todos os satélites, o único meio de comunicação eletrônica que tem tecnologia suficiente para sobreviver, é o rádio. E é um meio de baixo custo e acessível a todos.
No Brasil, a primeira transmissão oficial de rádio aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, pelo presidente Epitácio Pessoa, no centenário da Independência do Brasil. O discurso foi transmitido através de uma antena instalada no Corcovado, no Rio de Janeiro. E só em 1923, Edgard Roquette Pinto fundou a primeira rádio no país, denominada Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Até o ano de 1929, as rádios tinham um carácter experimental, voltado para a elite e para fins políticos, transmitindo apenas informações do governo. A partir do ano seguinte, elas começaram a se comercializar, passaram a integrar propagandas em suas programações, levando as empresas à disputa de mercado. Começaram a se desenvolver e investiram no desenvolvimento técnico.
Em 1940, a rádio passou a ser o meio de informação mais importante e popular do país. Foi o período conhecido como a era de ouro do rádio. Essa época foi marcante na história, de muitos acontecimentos políticos em todo o mundo. Junto à nova era do rádio, surgiu o repórter Esso, que trouxe para o Brasil um modelo de radiojornalismo inspirado no modelo americano. As notícias preferidas pelos ouvintes eram a cobertura da segunda guerra mundial. Mas não era só política. O entretenimento preenchia as programações de rádio e prendia o público com programas de auditório e radionovelas. As rádios investiram em artistas do teatro, da música e revelou grandes talentos que influenciam até hoje na cultura nacional. Para se apresentarem nas emissoras, eles tinham que passar antes pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criado por Getúlio Vargas para selecionar as artes, que para serem exibidas, precisavam ser de carácter nacionalista.
Em 1950, a televisão chegou ao Brasil. E todo aquele sucesso da era de ouro do rádio foi fadado a acabar. Os artistas, os locutores, a produção, todos migraram para a TV, afinal, quem ia querer ouvir radionovela, músicas, se podiam ver e ouvir os seus artistas preferidos pela tela!? As emissoras de rádio foram apelidadas de vitrolão, pois só se limitavam a tocar discos enquanto aguardavam o próprio fim. Mas esse tão esperado final não aconteceu.
A partir dos anos 60, as rádios se reinventaram, começaram a investir no jornalismo, na prestação de serviços, na interação com os ouvintes, apostaram na segmentação entre AM e FM, e assim se consolidaram. Caminharam juntas com a TV, cada uma com sua função, até os anos 90.
Com a chegada da globalização, a rádio teve que se digitalizar, para obter uma qualidade compatível à tecnologia da internet. As FM´s que antes tocavam só músicas, criaram programas de notícias. As emissoras contrataram repórteres para darem informações ao vivo nas ruas, incluíram serviços de utilidade pública nas programações, apostaram em promoções e na interação direta com os ouvintes.
No ano 2000, a internet se popularizou e passou a ocupar mais espaço entre todas as mídias. As pessoas não tinham mais interesse na interação por cartas, telefone, nem mesmo pessoalmente com os locutores. Aquele encantamento de ver o rosto de quem estava por trás da locução não fazia mais sentido, pois com a rede virtual, era só procurar os perfis de qualquer locutor ou artista, e a curiosidade cessava. Foi nesse período também que a nostalgia de ficar horas esperando a música preferida para correr e gravar em fita cassete, acabou. Com a internet, qualquer pessoa poderia baixar as músicas sem ruídos, sem interrupção e completa.
A web rádio no país estava crescendo e incluía imagens, textos e vídeos, tudo muito simples e rápido como é feita a linguagem da rádio. Pelos sites, o público podia acompanhar a programação de acordo com o próprio tempo e na íntegra.
Até agora, em 2019, a rádio se manteve, acompanhando a nova realidade. Hoje não existe mais receptor e emissor, o ouvinte atua, participa e pauta a rádio. As notícias são emitidas em tempo real, via whatsapp, sobre política, cidadania, trânsito e qualquer assunto de interesse social.
Hoje, ao profissional do rádio não basta saber falar. Ele precisa ser multidisciplinar, estar apto a editar vídeo, áudio, texto, falar ao vivo em frente às câmeras.
Um dos diferenciais do rádio é que ele não compete com outras atividades. Pode-se ouvir rádio no trânsito, no banho, no carro, nas lojas, na rua e isso não compromete a compreensão da mensagem, o que não ocorre com outros meios. Na TV por exemplo, não é possível absorver plenamente o áudio sem a composição da imagem. Um jornal impresso não pode ser lido em qualquer local e sem interferência. A internet deixa o internauta disperso, a quantidade de links dentro do texto influencia na leitura. E em muitos locais, esses meios não podem ser acessados.
As rádios perceberam o impacto de cada tecnologia posterior a elas, mas nenhum outro meio de comunicação se utilizou tanto, e de forma tão positiva dessas tecnologias, como a rádio fez e faz até hoje.
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