Recife: Manifesto #MeninasDecidem pelo Direito à Educação será lançado na Defensoria Pública

Crédito: Divulgação

O Manifesto #MeninasDecidem pelo Direito à Educação será lançado em evento presencial na Defensoria Pública da União no Recife nesta terça-feira (16/08), das 9h às 12h, com transmissão ao vivo.

O documento é resultado do trabalho conjunto da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala (Rede Malala) e do comitê que reúne 20 meninas de todo o Brasil, incluindo meninas negras, periféricas, indígenas, quilombolas, travestis, trans, trabalhadoras do campo e com deficiência, para delinear as prioridades das meninas para a educação.

Lançamento do Manifesto #MeninasDecidem

A cerimônia irá contar com um painel de discussão liderado por meninas, além de apresentações culturais. O evento será transmitido
pelo YouTube do Fundo Malala: youtube.com/malalafund.Campanha #MeninasDecidem

Para ampliar o engajamento nacional em torno do Manifesto #MeninasDecidem, a Rede Malala lança uma chamada para meninas de todo o Brasil compartilharem suas demandas para a educação, por meio de vídeo, áudio ou texto, pelas redes sociais. Basta marcar a
@RedeMalala no Instagram ou Facebook.

Os depoimentos serão compilados e divulgados pelos canais digitais globais do Fundo Malala.

Sim, meninas podem!
“As meninas são o futuro do Brasil. Espero que líderes brasileiros levem esse manifesto a sério.” Diz Malala Yousafzai. A Nobel da Paz endossa o Manifesto #MeninasDecidem pelo Direito à Educação, um documento que traz as prioridades de meninas de todo o Brasil para a educação.

Ser menina no Brasil: tratamentos desiguais e papéis de gênero. No Brasil, meninas e meninos são tratados de maneira diferente em função da construção social dos papéis exercidos por homens e mulheres na nossa sociedade. Na dinâmica social marcada pelo
machismo, patriarcado e outras opressões estruturais como o racismo.

Ainda espera-se das mulheres papéis de maior cuidado, organização doméstica e financeira, silenciamento de opiniões, enquanto
aos homens são destacados papéis relativos ao mundo externo, como trabalhar, sair, ocupar a rua, além da permissão de fala e o exercício das liberdades (entendendo também que há diferenças para casos específicos de grupos mais vulneráveis,: como a comunidade LGBTQIAP+, meninos negros ou indígenas e outros).

A distinção de papéis também está presente nas possíveis profissões que meninas e meninos podem almejar, o que afeta, por exemplo, a quantidade de mulheres que trabalham com tecnologia. A reprodução desses diferentes papéis tem início logo na infância, como consta na pesquisa Por ser menina realizada em 2014, na qual a maioria das meninas nas idades entre 6 a 14 anos já possuíam responsabilidades na organização da vida doméstica.

De acordo com a pesquisa, “elas vão desde tarefas simples, como arrumar a cama (81,4%), até atribuições mais complexas, como cozinhar (41%), lavar (28,8%) e passar roupa (21,8%)” (PLAN INTERNATIONAL, 2014, p.55).

Em 2021, a Plan International Brasil lançou a segunda edição da pesquisa Por ser menina no Brasil, a pesquisa ouviu 2.589 meninas para entender como elas vivem e o que esperam do futuro. De acordo com a pesquisa, 69,4% sente que seus direitos são desrespeitados apenas porque são meninas, 57% das meninas sentem medo de andar na rua, 74,1% das mães adolescentes são negras, 70,2% das meninas dizem ter sofrido violência de gênero na internet e 94,2% delas já presenciaram ou sofreram
ao menos uma situação de violência.

Os dados revelam um olhar sobre a vida das meninas e as diferenças de gênero dentro de casa, na escola, on-line, na rua e na sociedade como um todo, aprofundando a compreensão sobre o impacto que essas desigualdades causam. O estudo, executado pela consultoria Tewá 225, se debruça também sobre o entendimento a respeito do que elas querem para o futuro e como se preparam para isso, além de uma percepção sobre o que é ser menina.

Endossado pela Nobel da Paz Malala, o Manifesto #MeninasDecidem pelo Direito à Educação traz as perspectivas de adolescentes de todo país por uma educação pública equitativa e de qualidade em ano de eleições.

Entre as demandas específicas estão uma educação pública de qualidade, antirracista, antissexista e que combata as desigualdades sociais e a discriminação baseada em gênero. Neste ano de eleições, a Rede Malala tem defendido que todas/os candidatas/os priorizem o direito à educação de meninas nos planos de governo. Além de ter liderado uma campanha para incentivar meninas de até 17 anos a tirarem o título de eleitora no prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral, a rede apoiada pelo Fundo Malala lançou em junho uma Carta Compromisso pelo Direito à Educação nas Eleições 2022.

A Carta propõe um pacto com 40 pontos para que os próximos governos eleitos coloquem a educação como pauta urgente e prioritária. A Carta Compromisso é resultado de uma parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e seu Comitê Diretivo.

“As meninas no Brasil enfrentam múltiplas barreiras para ter acesso a esse direito humano básico que é a educação, como falta de qualidade do ensino, gravidez precoce e condições socioeconômicas”, diz a Nobel da Paz Malala Yousafzai. “Para estimular melhores resultados, líderes do Brasil devem ouvir as demandas das meninas. Por isso, peço que todas/os as/os candidatas/os endossem o Manifesto #MeninasDecidem e assinem a Carta de Compromisso, da Rede Malala, para, assim, garantir que a educação de meninas seja uma prioridade nos próximos mandatos.”

Em todo o mundo, mais de 130 milhões de meninas estão fora da escola. Estabelecido em 2013 por Malala e seu pai, Ziauddin Yousafzai, o Fundo Malala atua nos dez países do mundo com algumas das maiores taxas de evasão escolar de meninas, por meio da Rede de Ativistas pela Educação, investindo em ativistas locais da educação, defendendo a responsabilização de governos e amplificando o protagonismo das meninas.

No Brasil, a Rede Malala é formada por 11 ativistas e suas organizações e implementa ações em âmbito nacional por financiamento adequado à educação, além de projetos locais em diversos estados que contribuem para
garantir o direito à educação de meninas, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.

A Rede Malala teve um papel fundamental junto ao Congresso para tornar o FUNDEB permanente – um passo importante para garantir que os governos financiem educação gratuita e de qualidade para todes.

Sobre a Rede Malala

Inspirado pelas raízes de Malala e Ziauddin Yousafzai como ativistas locais no Paquistão, o Fundo Malala estabeleceu em 2017 a Rede de Ativistas pela Educação (Education Champion Network) para investir, apoiar o desenvolvimento profissional e dar visibilidade ao trabalho de mais de 80 educadores de dez países (Afeganistão, Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão, Tanzânia e Turquia) que trabalham a nível local, nacional e global em defesa de mais recursos e mudanças políticas necessárias para garantir o direito à educação das meninas. No Brasil, a Rede é formada por 11 ativistas e suas organizações e implementa projetos em diversas regiões do país para quebrar as barreiras que impedem meninas de acessar e permanecer na escola, com foco em meninas negras, indígenas e
quilombolas.

A Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil é formada pela seguintes ativistas e suas organizações:

Ana Paula Ferreira De Lima | Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)
Andréia Martins de Oliveira Santo | Redes da Maré
Andressa Pellanda | Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Benilda Regina Paiva De Brito | Projeto Mandacaru Malala
Cassia Jane Souza | Centro das Mulheres do Cabo (CMC)
Cleo Manhas | Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
Denise Carreira | Ação Educativa
Givânia Silva | Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ)
Paula Ferreira da Silva| Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (CENDHEC)
Rogério José Barata | Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF)
Suelaine Carneiro | Geledés Instituto da Mulher Negra

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