Remição de Pena pela Leitura – Novos Caminhos

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Muitas coisas negativas vem acontecendo nesses últimos anos. Uma série de fatos que nos entristecem e nos amedrontam. Mas apesar do movimento nocivo que percebemos, muitas coisas boas, interessantes e positivas, estão ocorrendo. Neste mês de maio, de 17 a 20, a Biblioteca Parque Estadual, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio, receberá o Festival do Leitor, a LER, Salão Carioca do Livro, que está na sua segunda edição. Um encontro sobre livros e ideias, conversas, oficinas, exposições, debates, encontros, reunião de autores, livrarias, editoras e leitores, com exposições, música, tecnologia, além de oficinas de escrita à roda de conversa com escritores.

Dentro das atividades da LER, ocorrerá uma mesa de debate sobre Remição de Pena pela Leitura, atividade coordenada pela Superintendência de Leitura e Conhecimento da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), uma das patrocinadoras do festival.

É a segunda vez que um grande evento literário recebe debatedores para troca de experiência e saberes sobre esse tema. O primeiro encontro foi na 18ª Bienal do Livro em setembro de 2017. Uma mesa com representantes do Judiciário, da OAB, da Defensoria Pública, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), do Conselho Regional de Psicologia, além da presença de um preso e uma presa que participaram do projeto de remição de pena da SEAP. Todos trocando conhecimento e informação.

Desta vez, com novos debatedores, será discutido sobre resgate através do conhecimento, entender e trabalhar a capacidade de reconstrução desses homens e mulheres como atitudes terapêuticas e pedagógicas.

As formas de comunicação e de absorção de conhecimento não são mais estáticas, devemos adaptarmos ao novo e oxigenar velhos conceitos. Vivemos em tempos híbridos e é necessário trabalhar antigas convicções e aperfeiçoá-las, olhar o homem como ser passível de mudanças, investir na capacidade do ser humano de se reinventar, no caminhar pacífico da sociedade através do resgate dos seus cidadãos presos.

Prisão é uma passagem e esse tempo deve ser empregado para a descoberta de caminhos positivos, criar um ambiente de resgate e não a antissala do inferno no qual se transformou.

A leitura é um processo eficiente de autoconhecimento, de pertencimento, de adequação. É uma estratégia assertiva de valorização do homem e de sua percepção do lugar em que ocupa e onde poderia estar utilizando o conhecimento adquirido. Mais de trezentos presos participam do projeto Remição pela Leitura, da área de Tratamento Penitenciário da SEAP. Sabemos que é uma gota d’água no oceano, mas temos que começar de algum lugar para alcançar os resultados que sonhamos. Estamos vivendo na Era Pós Moderna, em tempos de quebra de paradigmas.

A Remição de Pena pela Leitura é um trabalho de resgate, um processo de descobrimento de novos rumos, uma ferramenta que possibilita ao cidadão e cidadã presos à percepção de si mesmo e do seu entorno. Oferece ao participante oportunidade de reescrever sua história e de modificar seu futuro.

Muitos caminhos ainda há para serem percorridos, mas é um avanço podermos abrir espaço para discussão desse tema em lugares tão importantes como a Bienal e a LER. Trazer para os locais do saber a presença daqueles que podem reinventar-se de forma mais assertiva é maravilhoso. É necessário agregar valor aos debates que possibilitem ao cidadão preso chances de alcançar a liberdade, não só física, mas a libertação da mente e do espírito. A leitura abre portas espetaculares, instiga a curiosidade, traz conhecimento, felicidade, acolhimento e uma série de sentimentos bons que fazem nos percebermos maiores do que a capa do corpo.

Leitura é libertação!

Evoé!