Nessa segunda, 20, foi ao ar a grande final do reality show brasileiro, Big Brother Brasil (BBB).
Considerada pela maioria dos telespectadores e pela própria produção do programa, uma edição histórica.
Uma edição dominada pelas mulheres. Múltiplas, diversas, plurais que se uniram através da sororidade para combater de frente o machismo apresentado por meio de uma estratégia sórdida para desqualificar a imagem das mulheres, revelando a misoginia tão presente na nossa sociedade.
Fazendo uma análise e comparação com a edição anterior, em 2019 assim como este ano, grandes debates foram levantados, sobre diversos assuntos permeando o machismo, o racismo, a LGBTQfobia, a gordofobia, porém na ocasião os participantes que levantaram essas discussões foram taxados dentro e fora da casa como chatos, problematizadores, mimizentos e eliminados pelo público.
Público esse que elegeu como ganhadora do programa uma participante com vasto repertório de racismo e preconceito religioso. Posicionamento bem alinhado com as narrativas legitimadas no cenário político e social em que o país se encontrava.
Diante da grandiosa vitória de Thelma, mulher, preta, médica, adotada, com uma história de superação incrível, faço o seguinte questionamento: o que mudou na sociedade que em 2019 elegeu Paula como vencedora e em 2020 Concedeu a Thelma uma vitória com força de reparação história?
De certo, toda vitória individual importa e carrega consigo o valor da representatividade, vinda de uma mulher preta então! Imagine quantas cargas de opressões foram enfrentadas, opressões de raça e classe somadas as opressões de gênero.
No entanto é preciso que a alegria e o orgulho do preto único vire incômodo, não dá mais pra achar normal uma turma inteira da faculdade ter apenas uma aluna preta, por exemplo.
Que a ausência de pretas e pretos nos espaços de liderança e poder seja questionada e sirva pra uma revolução antirracista de fato.
No mais, parabéns Thelma, sua conquista é sim inspiração e representatividade para nós. Dívida com o BBB19 paga! Já o saldo devedor da humanidade ao povo preto ainda está bem longe de ser quitado. Porém, avante, por mais pretas e pretos milionários!
