Atualmente, as linguagens urbanas têm conquistado cada vez mais seu espaço, e a juventude está cada vez mais presente na causa. Em meio a essas novas expressões artísticas, temos vertentes como rap e grafite.
Fernando CJ, 22 anos, morador de Itaguaí, aos 14 anos se descobriu músico em rodas culturais pelo Rio de Janeiro. “Ali, logo acreditei no amor à primeira vista pelo rap. Assim que conheci a Batalha de MC’s, fui me dedicando e a motivação do meu trabalho é tentar mostrar para as pessoas a minha visão de vida do mundo, pela maneira que o rap me permite. E, com isso, vou fazendo minhas rimas, o que eu mais amo, virando assim o CJ e me transformando em um artista da Baixada Fluminense”, conta o rapper e produtor.
A pandemia não está sendo boa para ninguém. Ídolos e amigos estão sendo perdidos, o desgaste emocional tem sido enorme. CJ explica que, por não poder exercer aquilo que amamos, como estar com a plateia e transmitir alegria, para os artistas de rua e músicos em geral o abalo parece ser ainda maior. “Porém, agora temos conseguido enxergar uma pequena luz no fim do túnel. E logo, logo estarei soltando meu Ep musical “Baixa Cruel Vive” em todas as plataformas digitais, homenageando meus amigos que tiveram suas vidas tiradas injustamente e caíram no esquecimento da Justiça”, finaliza o músico.
Em outra ponta da cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Santa Cruz, o poeta Viajante Lírico descobriu sua arte quando teve a necessidade de expressar sentimentos, críticas e potencializar seu território. As manifestações artísticas se tornaram, então, ferramentas para esse momento de dificuldade. “Eu acredito que todos somos artistas, você faz arte e isso importa muito. O que motiva meu trabalho são as pessoas que me cercam, meu território, as histórias e lugares que eu conheço; as ações que eu vejo, inspirações que eu tenho, enfim, tudo que está ao meu redor”, contextualiza Viajante.
O jovem que atua no coletivo Mente Ativa, voltado para rap e poesia, relata ainda que o isolamento social, provocado pelo coronavírus, mudou sua perspectiva. Afinal, a aglomeração faz parte da arte de rua. “Desde que essa onda de caos começou, tenho vivido momentos muito difíceis, os convites para trabalhos diminuíram, algumas ações deixaram de acontecer e outras foram adiadas, sem previsão de data, explica Viajante Lírico.
Ele conta ainda que, em contrapartida, conheceu e está aprendendo a lidar com um ambiente virtual que o tem conectado a pessoas de diferentes estados e realidades. “Participei do Laboratório de Transformação Cultural da ANF Produções, onde inclusive tive o projeto “Mulheres com a Mente Ativa” contemplado, tenho feito vários cursos online, e muitas, muitas lives. Com isso, sempre falo para as pessoas acreditarem e nunca perderem a sua fé. Assim como você se inspira em alguém, pode ter alguém se inspirando em você. Arte é movimento e você faz parte disso”, conclui o poeta
Outra forma representativa do mundo periférico é o grafite, que nas mãos de seus seguidores, por meio de sprays coloridos transformam, como num passe de mágica, muros em telas com gravuras surpreendentes. Toda essa simbologia procura não apenas propagar a mensagem de paz e amor, mas também, de certa forma, denunciar problemas.
Rodrigo de Andrade, conhecido por Mais Alto da BF, nasceu em Duque de Caxias, e desde sua infância gostava de desenhar. Porém, foi no colégio que conheceu o mundo do grafite. E, em 2013, começou sua trajetória, integrando-se ao grupo de Hip-Hop DaBF Crew, com o qual tomou gosto de expor suas imaginações artísticas, em busca de dialogar com a sociedade por meio de variedades de estilos de letras e desenhos.
“O público é meu grande incentivador. Quando a pessoa me para na rua, isso acaba me conquistando. Não estou ganhando nenhum dinheiro pra fazer grafite, mas estou feliz por ser um exemplo positivo com minha arte”, afirma Rodrigo. É um movimento que tem ganhado bastante força na cidade, onde, mesmo sem incentivo dos governos, os próprios grafiteiros se mobilizam para realizar eventos e expandir a técnica. Como exemplo dessa mobilização podemos citar o MOF (Meeting Of Favela), realizado na comunidade Vila Operária, em Duque de Caxias.
A proposta nasceu da necessidade de exposição de suas obras, e com objetivo de levar informação e aprendizado para toda a população. “Quando o estado é ausente, a gente aqui vai fazendo nosso trabalho, propaga arte na rua, e o ambiente, a favela fica mais colorida. O que vale é você fazer as coisas com amor. Saber seus direitos, se orientar para que no futuro possa também orientar outras pessoas” explica o artista da Baixada Fluminense.
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