Sintonia é a mais nova série brasileira original da Netflix, que estreou em Agosto. O seriado é dirigido por Konrad Dantas, que conhecido pelo nome artístico KondZilla, é produtor, empresário, palestrante e diretor criativo brasileiro, dono de um dos maiores canais no Youtube no mundo, KondZilla, como seu apelido, juntamente com os produtores Felipe Braga e Guilherme Moraes Quintella.
A série conta a história e os desafios da juventude de três jovens da periferia de São Paulo capital, Rita (Bruna Mascarenhas), Doni (Jottapê Carvalho) e Nando (Christian Malheiros) em uma favela fictícia chamada Vila Áurea. Em suma, é evidente que vemos que a representatividade negra não é forte, mas será que essa é uma problemática a série ou não?
São Paulo é uma das cidades mais atrativas do Brasil, em relação a questão de empregos, de oportunidades de trabalho, logo, muitas pessoas de todo o Brasil migram para lá. A presença de imigrantes, principalmente a de nordestinos, é algo que reforça a pluralidade racial das periferias de São Paulo. Então, como centro da série temos três personagens principais nos quais dois são brancos e apenas um é negro. Quanto aos personagens secundários, os personagens negros também não se sobressaem, mas os personagens pardos são evidentes e os traços nordestinos também.
Segundo os dados do IBGE para o Censo de 2010, é possível ler que, na região metropolitana de São Paulo, quanto mais periférico for o bairro, na região das favelas, maior a predominância de pardos e negros. E não se especifica qual é fortemente predominante, mas é possível que haja uma quantidade semelhante de negros e pardos. Claramente as pesquisas sobre esse tema, a questão racial nas periferias, são ausentes e deixam a desejar a especulação. Mas o que o seriado passa é de que essa pluralidade é existente.
Críticos como Patrícia Kogut e Renata Prado, fundadora da Frente Nacional de Mulheres do Funk, dizem que a série está bem vinculada à realidade, as gírias, a questão cultural, representam bem o âmbito das periferias paulistanas, portanto acredita-se que a representatividade racial da série também seja próxima do real. Haja vista, não é necessariamente problemática a ausência da maioria de personagens negros e sim uma questão geográfica e social da formação da população das favelas de São Paulo. Além disso, algo positivo da série é que há crítica ao racismo policial negro. Ou seja, a série mostra a importância dessa discussão e apresenta a realidade das situações racistas.
Em síntese, a série traz a questão racial de uma maneira mais plural, mostrando implicitamente a descendência e presença de imigrantes, em relevância nordestinos. Isso demonstra a diversidade das favelas de cada região, inclusive essas questões acerca da falta de representatividade negra surgem por conta de um olhar carioca para as favelas de São Paulo. Entretanto, as favelas têm formações diferentes, enquanto no Rio de Janeiro a população é majoritariamente negra, em São Paulo isso acontece de forma diferente. Por isso, a menor quantidade de personagens negros na série não é necessariamente um empecilho.