Horas depois de a Riotur ter anunciado a inviabilidade de promover o tradicional Réveillon da praia de Copacabana na virada de 2021 por causa da pandemia, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou nota, ontem, 25, em que descartou o cancelamento da festa. De acordo com a prefeitura, a agência de turismo da cidade discute com outras instâncias, inclusive com o setor hoteleiro, a construção de um modelo alternativo ao Réveillon.
Por trás da conveniência de suspender a passagem de ano que costuma levar à orla de Copacabana alguns milhões de espectadores dos fogos de artifício está mais um embate entre a economia e a saúde das pessoas. O setor hoteleiro carioca tem na festa de fim de ano sua data máxima do calendário anual -mais até do que o carnaval.
Na virada do ano passado para este, a cidade bateu um novo recorde, com 1,7 milhão de turistas e 2,9 milhões de pessoas na praia de Copacabana. O número de visitantes para o “Réveillon-2020” foi 21,4% superior ao do fim de ano de 2019, quando foram registrados 1,4 milhão de turistas, segundo a Riotur. Oitenta por cento dos turistas vieram de outros estados, particularmente de São Paulo e Goiás, e 20% foram visitantes estrangeiros, sobretudo de Argentina, Chile e Estados Unidos.
Para a festa de fim de ano, a cidade investiu em 16,9 toneladas de fogos de artifício, que queimados durante 14 minutos de dez balsas no mar. Artistas brasileiros animaram a festa em pelo menos quatro palcos instalados ao longo da praia de Copacabana. É o maior espetáculo ao ar livre gratuito do calendário cultural do Rio de Janeiro, responsável pela permanência do público na areia de Copacabana até depois das três da madrugada do primeiro dia do Ano Novo.
A ocupação da rede hoteleira na passagem de ano carioca costuma ser de mais de 95% das acomodações nos hotéis da Zona Sul e da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, mas em Copacabana foi de cem por cento no Réveillon passado. Apenas um em cada cinco turistas é estrangeiro neste período, o que dá uma ideia da complexidade de alterar, transferir ou cancelar a atração. O desafio da prefeitura, em conjunto com o setor hoteleiro, é adaptá-la ao cenário pós-pandemia no Rio de Janeiro.
Estimativas mais otimistas apontam outubro como o final das sucessivas ondas de contágio do novo coronavírus e a provável retomada das atividades habituais, mas em novos padrões de higiene e segurança sanitária, mais rígidos e obrigatórios em todos os locais de aglomeração, como teatro, cinema, estádio de futebol, ginásios e praias – como Copacabana, sobretudo na festa do Ano Novo.