O problema no abastecimento de água no Rio não é uma crise, é um problema previsível e que não recebeu a atenção no momento certo e resultou na tragédia que o carioca vem sofrendo: o chega às torneiras e chuveiros de quase toda cidade do Rio e de vários municípios da Baixada Fluminense não é água, é esgoto.
E a solução ainda está longe do fim. Somente nesta quinta-feira, dia 23 de janeiro, 20 dias após o carioca sentir diferença na água no cheiro, gosto e cor, a agência responsável pelo abastecimento e saneamento na capital carioca, a Cedae, tomou medida a fim de minimizar a aparência da água.
A contaminação, que acontece no reservatório de água que abastece a cidade em quase sua totalidade, se dá, segundo especialistas, pelos esgotos da própria Cedae, que lá desaguam. A medida tomada pela Cedae foi a aplicação de carvão ativado na Estação de Tratamento de Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A companhia não informou quando o consumidor vai perceber melhora no odor e sabor da água. Porém, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que a previsão é a de que a situação se revolva no prazo de uma semana.
Segundo especialistas, o carvão ativado utilizado pela Cedae é o mesmo presente em filtros residenciais e esse produto tem a capacidade de retirar o cheiro e o sabor da água e, então, vai retirar o cheiro e o sabor da geosmina, uma substância produzida por algas.
A Cedae alega que a causa das alterações na água é a geosmina e que o seu consumo não oferece risco à saúde. Segundo especialistas, embora estudos não apontem que a geosmina tenha impacto na saúde de quem a consome, ainda é preciso realizar análises mais ampliadas para dar segurança sobre essa toxicidade.
Na semana passada, o presidente do Conselho Regional de Química-3ª Região, Rafael Almada, elaborou uma lista sobre mentoras e verdades a respeito dessa crise no abastecimento e afirmou que não recomenda nem para animais água com geosmina da Cedae.
Água alterada X água mineral
Não demorou muito após as primeiras reclamações sobre a água para os consumidores sentirem mal-estar. Nas redes, pessoas relatam sentir dores de barriga, provavelmente provocadas pela água. E o medo de pôr a saúde em risco provocou uma corrida aos supermercados, que logo viu seu estoque se esgotar. Algumas unidades chegaram a limitar o número de garrafas por clientes, e a falta do produto nas prateleiras