O governo do estado do Rio trata o problema do crack com dois pesos e duas medidas. Por um lado, policiais ocupam a área onde se formou a maior cracolândia do estado, próxima das favelas de Manguinhos e Jacarezinho. A operação teve apoio até de blindados das forças armadas. Na outra ponta, o valor investido pelo governo do estado em programas contra as drogas ficou menor. Em 2011, o valor previsto para programas de prevenção, acompanhamento e tratamento de usuários de drogas foi de 35,5 milhões de reais. Em 2012, a previsão do orçamento caiu para 29 milhões de reais – 18% a menos.
Para 2013, a proposta enviada pelo governador Sérgio Cabral para aprovação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) é de 18,5 milhões de reais. Em dois anos, a redução chega a 48%. Ou seja, enquanto o crack se espalha e a polícia tenta desmanchar a cracolândia, o estado reduz à metade os recursos para combater o problema.
Como mostrou o site de VEJA na quarta-feira, o estado hoje não tem onde internar pacientes dependentes de drogas. As duas clínicas conveniadas que recebiam os pacientes interromperam o atendimento porque o contrato com o estado acabou em agosto e não foi renovado.
Só na capital, a Secretaria municipal de Assistência Social estima que são 3.000 os usuários de crack vagando pelas ruas. Nesta quinta-feira, a Secretaria Municipal de Assistência Social voltou a recolher usuários de crack: 31 adultos foram recolhidos em ruas de Madureira, na zona norte. Os adultos recolhidos são levados para triagem, têm a opção de ficar nos abrigos da Prefeitura e fazer tratamento ambulatorial nos Centros de Atenção psicossocial (CAPs).
A Secretaria Estadual de Planejamento não explicou o motivo da redução da previsão de orçamento. A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos divulgou nota informando que contratou três instituições para tratar dependentes de drogas. Os contratos começam a vigorar na próxima segunda-feira, dia 22.
Fonte: Veja