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Foto: Janice Morais.

 

Pela primeira vez a Agência de Notícias das Favelas está realizando a cobertura do Rock In Rio. Coincidentemente a organização completa 15 anos no mesmo ano em que o Rock In Rio faz 30 de existência. Depois de 21 anos de ditadura militar, o Brasil começou uma nova era democrática, no mesmo ano de 1985 em que começava para o mundo uma história de sucesso: o Rock In Rio. Quinze anos depois surgia a ANF, uma organização não governamental que nasceu a partir do acúmulo de experiências de seu fundador, André Fernandes, na época um batalhador pelas causas dos que viviam a árdua realidade das favelas do Rio de Janeiro.

Depois de cobrir os quatro últimos carnavais do Rio de Janeiro, a ANF e sua equipe estão na cidade do Rock. O que significa isso para nossa jovem instituição? Significa a afirmação de que nossa trajetória está se solidificando e que hoje somos um canal legítimo na busca da democratização da informação para e das favelas. Nosso objetivo vai além das ruas e vielas das favelas porque vivemos no epicentro de um complexo urbano onde a cidade se encontra cotidianamente com a favela e vice-versa. E nada melhor para nós que acreditamos que a luta se trava na disputa da narrativa da cultura do que poder acompanhar de perto o que a música pode e tem feito para transformar suas notas em linguagem acessível a todos que acreditam que não há paz em lugar nenhum do planeta se não houver amor. Amar é buscar a harmonia, é respeitar os acordes e os acordos da vida. Amor é o sentimento que deixou todos arrepiados quando o mago Freddie Mercury cantou “Love of My Life” no primeiro Rock In Rio. E trinta anos depois podemos sentir o mesmo arrepio quando o jovem talentoso Adam Lambert (33 anos, na época do primeiro RIR ele tinha apenas 3 anos de idade) interpretou as canções do Queen ao lado dos mitos Brian May e Roger Taylor. Só a música tem esta transversalidade. Cultura é cultuar o amor ouvindo a música que faz você se apaixonar pelas relações humanas. E o que a favela tem a ver com isso? Tem tudo, ainda que samba, o forró e o funk sejam os estilos de músicas mais frequentes nas casas dos morros, sabemos que há uma juventude antenada e apaixonada pela linguagem que o Rock representa. Qual o jovem hoje que não conhece a Rihanna? Qual a menina que não sonha em dançar como a musa Beyoncé? Qual o menino do morro não tem a mesma vontade de cantar uma canção de protesto do Paralamas do Sucesso ou do Titãs? Quem nunca pensou em assistir um show do Metallica? Por isso acreditamos que o Rock é Rio. E o Rio é a pedra a ser tocada e lapidada para que ele possa agregar outros valores como uma noite de samba e funk no palco Sunset, por exemplo. Valeu Rock! Valeu Rio! Nós estamos juntos porque “se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso outra vez”, tudo seria mais Rock e um Rio mais agregador e menos segregador.

Foto: Janice Morais.
Foto: Janice Morais.