“Ser Favela” é um coletivo de artistas de várias comunidades que se apresenta ao longo de todo o Rock in Rio.
Arte e dança são a essência do “Ser Favela”, um grupo que se apresenta em quase todos os dias do Rock in Rio no Espaço Favela. Composto por 35 artistas de diversas comunidades do Rio, como Vigário Geral, Complexo do Alemão, Maré, entre outras, o grupo envolve e contagia o público que chega ao Espaço Favela antes dos grandes shows.
Na primeira apresentação do dia, o grupo “Ser Favela” convida o público a participar e tocar junto com os artistas, transformando o Rock in Rio em um verdadeiro carnaval fora de época. Além das apresentações de dança, alguns integrantes do Ser Favela também performam números circenses, como malabares e equilibrismo.
Johayne Hildefonso, diretor-geral do Ser Favela, comenta sobre a formação do grupo. “Juntamos um time de 35 artistas que são oriundos de várias favelas do Rio de Janeiro, para dar este espetáculo falando de amor, e aproveitando os 40 anos do Rock in Rio, juntei o elenco e falei, acho que está na hora de a gente falar do amor em todos os sentidos”, diz Johayne.
Ele também detalha a intensa rotina de ensaios para as apresentações durante os dias do festival. “Então, eu faço uma parada que é o seguinte: Eu junto o elenco e divido eles em núcleos, e então todo mundo tem que apresentar alguma coisa, tem que pesquisar e trazer coisas. Eu tenho os diretores musicais e coreógrafos que são de favela. Tenho os meus diretores, que são uma galera que já trabalha comigo a muitos anos. Tem gente que era criança quando eu comecei a dar aula, e hoje tá aqui do meu lado, dirigindo junto comigo. Tem muitas coisas do espetáculo que eu não pensei, que é proposta de um bailarino, de uma docência ou de um músico”, complementa.
O diretor-geral também destaca que o sucesso do “Ser Favela” no Espaço Favela é resultado de um trabalho em equipe. “A gente não faz nada sozinho! O Rock in Rio não foi feito sozinho. Eu acho que o Medina teve essa grande ideia, mas ele tem um timaço junto com ele.”
Raphael Rodrigues, artista do grupo e cria de Vigário Geral, favela localizada na Zona Norte do Rio, fala sobre como é representar a comunidade no Espaço Favela. “É uma oportunidade muito linda de trazer um pouco da arte que eu desenvolvi ao longo desses anos. Eu acho que é um processo que a gente faz junto, e isso é o que é mais interessante, também acho que é uma responsabilidade e ao mesmo tempo é um grande prazer poder dividir junto com as pessoas desse projeto essa obra, na qual a gente fala de amor”, diz Raphael.
Johayne, que participa pela terceira vez do Espaço Favela, comenta sobre como o local se tornou uma vitrine para a descoberta de novos talentos e a consagração de artistas já conhecidos pelo grande público. “O Espaço Favela e o Rock in Rio acabaram virando uma grande vitrine para esses artistas, porque as pessoas não sabem, mas tem muito artista de favela espalhado no mundo. A favela tem artista no Cique de Soleil, na Alemanha em outros países. Nós temos músicos espalhados em todos os países do mundo, só que ninguém sabe que eles saíram de lá da favela. Esse espaço serve de vitrine, e as pessoas costumam parar a gente durante o Rock in Rio para falar ‘poxa, que bacana, que potência! Que artista é esse que eu não conhecia’, e a gente só tem a ganhar com isso”.