As tradicionais rodas de samba do Rio de Janeiro carregam em si a força de uma expressão cultural ancestral de alegria. É também uma ferramenta que impulsiona negócios e serviços, ao mesmo tempo que preserva e fortalece a cultura carioca. As rodas de samba movimentam uma cadeia produtiva em torno do evento, geram empregos e criam uma economia local.
O Rio de Janeiro conta com cerca de 100 rodas de samba cadastradas e dezenas improvisadas, ocupando 32% na zona central, 29% na zona norte, 17,8% na zona Sul, e os outros 24,4% nas outras áreas da cidade. São mais de 180 eventos por mês em praças, bares e casas de show, o que demonstra a força dessa tradição.
No cenário econômico atual, é possível perceber que as rodas de samba surgem como uma força não apenas como cultura e ritmo, mas também da economia local, gerando empregos, atraindo turistas e impulsionando o comércio. O samba é visto não apenas como música, mas sim como uma matéria-prima que movimenta setores como gastronomia, artesanato e o turismo.
O samba do Balaio Bom
Eduardo Familião, sambista, músico, compositor e advogado, em conversa com A VOZ DA FAVELA diz que acredita que as rodas de samba na rua mostram a importância de uma expressão cultural que hoje é um dos fatores do crescimento da renda.
O sambista tem mais de 30 anos de experiência no mundo do samba e é fundador do Balaio Bom, uma plataforma de produção diversificada que tem suas ideias e princípios de roda de samba.
Com o objetivo de gerar oportunidades e ampliar a rede do samba, o Balaio conta com uma equipe diversificada de mulheres e pessoas pretas e tem um fluxo de mais de 70 pessoas empregadas por mês. A Roda tem residência fixa toda segunda sexta-feira do mês na praça Tiradentes. Para o compositor, é muito importante ocupar os espaços da rua para dar a ela outros significados.
Ações vão de discos a leis de incentivo
Em junho deste ano, Familião foi diretor artístico do disco Virada, de Marina Iris. “Toda base do disco, de arranjo, é fruto de uma galera que toca nos movimentos de roda de samba, um som que nasce na rua, que se constrói na rua”, afirma o músico.
Em 2017, Eduardo Familião e o sambista Pipa apresentaram o projeto de Lei Gamarra na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A lei, apresentada pelo vereador Reimont, tem o nome em homenagem ao cavaquinista Pablo Amaral, também conhecido como Gamarra, falecido em novembro de 2017, mês em que a Lei foi aprovada.
Samba, matéria prima de transformação social
Pipa Vieira, nascido e criado no morro do Turano, é um artista que demonstra grande influência em rodas de samba no Rio de Janeiro. Sua vida no samba já vem de família: seu avô, o compositor João de Almeida, é um dos fundadores da Unidos da Tijuca, tendo inclusive músicas gravadas por Beth Carvalho.
Pipa acredita que sua vida gira em torno do samba. Cantor com mais de 25 anos ocupando rodas e espaços público, para ele o ritmo é um tipo de matéria-prima, uma ferramenta de transformação social, cultural e econômica. O artista já foi candidato a vereador defendendo questões ligadas ao ritmo.
Parceria com Agência de Notícias das Favelas (ANF)
Atualmente, Pipa Vieira está iniciando uma parceria com a ANF (Agência de Notícias da Favela), o projeto Nossa Escola de Percussão. A iniciativa é voltada para Samba de Raiz e Samba de Mesa carioca e visa a educação como capacitação para jovens que sonham em tocar um instrumento ou seguir carreira no samba.
O projeto está em fase de captação, buscando recursos de empresas através do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
As rodas de Samba continuarão a impulsionar praças, bares e eventos, promovendo a inovação e a tradição, trazendo novos públicos, mas mantendo as raízes do samba.
Colaborou Henrique Sabino
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