Rosângela Sharon: empreendedora social e emocional

“Ser uma mulher negra no Brasil não é fácil, empreender é mais complicado ainda. Estamos superando obstáculos todos os dias, sobrevivendo. O fortalecimento das mulheres ´soma muito no negócio, é uma rede de apoio e transformação, busco mentoras com a história de vida de superação, assim como a minha”, comenta Rosângela Sharon.

Inconformada com a realidade financeira da família, Rosângela Sharon, 41, moradora de São Cristóvão, periferia de Salvador, há 15 anos busca melhorias na sua vida e encorajando outras mulheres, através da educação e motivação. Sua história de vida é parecida com a de muitas brasileiras, que desde cedo começaram a trabalhar para ajudar os pais e ou no sustento da família.

Essa realidade faz de Rosângela ser uma empreendedora que estimula outras pessoas nas relações sociais e emocionais. Afinal, ser um bom profissional também está atrelado as relações interpessoais que estabelecemos no cotidiano.

Aos 10 anos de idade, ela saiu de casa para trabalhar como doméstica, babá. “Fui morar com minha tia, irmã do meu pai, devido a falta de alimentação em casa… na casa da minha tia comecei a vender roupas, lingerie, folheados, revistas…

Com o passar do tempo trabalhou como operadora de caixa, balconista, vendedora, entre outras funções até a fase adulta chegar e exigir mais, ela percebeu que a situação na qual vivia não era satisfatória e resolver investir mais nos estudos, qualificação profissional, além do emprego, ela trabalhava de carteira assinada e ao mesmo tempo como autônoma.

Mesmo com emprego fixo, nunca me acostumei com as limitações de um salário mínimo e queria ter algo que me deixasse mais livre financeiramente e que eu pudesse ajudar outras pessoas”, relata Rosângela.

Diagnosticada com Câncer de Tireóide, em 2010, passou por diversas dificuldades financeiras para realizar o tratamento, foi então que tomou a decisão de mudar de vida. Pediu um cartão de crédito emprestado ao pai, comprou produtos de beleza e estética e começou a investir neste ramo, focando com tratamento capilar. O interesse pela profissão foi a partir da necessidade de cuidados com os próprios cabelos.

“Tenho cabelos crespos e estava cansada de ir aos salões e não ter um resultado satisfatório, resolvi comprar uns equipamentos e cuidar eu mesma, daí pensei, vou me profissionalizar na área e cuidar das pessoas, como eu gostaria de ser cuidada… foi quando dei o pontapé para o que sou hoje”, conta Rosângela.

Unindo o sonho de ter o próprio negócio com a necessidade, ela atualmente atua na área de educação de outras mulheres. “Há 3 anos comecei a formar mulheres no ramo. Sempre tive essa vontade de passar conhecimento, sem falar que é uma ferramenta poderosa para ajudar as pessoas a evoluírem em todos os aspectos da vida”, enfatiza Rosângela.

Ter um salão de beleza vai muito além dos retornos financeiros, é uma forma de criar um laço humanizado com as pessoas através da valorização da beleza e da autoestima, mostrar que o cuidado com o outro é importante, é enfatizar que cada um tem sua particularidade, cada cabelo é único e todos precisam de cuidados especiais.

Para suas alunas, Rosângela leva toda sua experiência, mostrando que através da profissão é possível melhor de vida, tanto financeira quanto afetiva.

Em seu espaço ela consegue manter outras mulheres trabalhando junto com ela e reforça com cada uma delas o poder que o negócio tem de transformar a vida. No Studio Rosângela Sharon (Farol de Itapuã), tem o apoio de mais 4 mulheres trabalhando no espaço, além de outras parcerias.