Conheça a história da mulher preta que buscou na natureza alternativas para ressignificar a dor do preconceito
Rose Almeida, mulher preta, empresária, 51 anos, idealizadora de produtos de beleza natural foi inspirada pelas próprias vivências na infância e adolescência. Moradora do bairro Serrinha, cidade de Bela Vista de Minas, nasceu e foi criada no interior de Minas Gerais. Ela participou da Expo Favela Minas, em Belo Horizonte e foi uma das dez indicadas para representar Minas Gerais na edição nacional da Expo Favela Innovation, que aconteceu em São Paulo. Rose ficou entre as 25 iniciativas finalistas do país. “O ano de 2023 foi de muitas portas abertas pra mim e eu aproveitei todas as oportunidades. Foi uma experiência maravilhosa, a gente teve muito apoio”, comenta sobre a participação na Expo Favela.
Rose conta que na escola não era bem aceita por causa da aparência. “E eu não tinha condições de comprar produtos de beleza, eu não tinha condições nem de comer”, fala Rose, tentando justificar o motivo do bullying. O sofrimento foi sua motivação para começar a procurar um meio natural de cuidar do cabelo e da pele. “Eu fazia gel com uma planta para que meu cabelo ficasse mais macio e mais fácil de prender, pra ficar fácil de lidar com o crespo. E assim eu tomei mais gosto pela coisa”, revela.
Os anos se passaram e Rose conseguiu se formar como Técnica em contabilidade e arrumou um trabalho como doméstica. Ela relata que já tinha condições de comprar produtos de beleza, mas que gostava mesmo é de usar os que ela fazia. Um dia foi ao médico dermatologista e foi elogiada pela saúde e beleza de sua pele, pela idade que tinha na época, 45 anos.
Então o doutor a aconselhou a criar uma marca com esses produtos e passar a produzir para as mulheres. “E eu saí dali sonhando. Será que daria certo? Eu montar uma marca de cosmético?”, relembra a empreendedora. E com esse incentivo, há 4 anos fundou a empresa Rose Cosméticos que comercializa sabonetes, cremes, hidratantes, argilas, máscaras faciais, manteiga capilar, óleos, kit anti-acne, kit manchas, entre outros produtos veganos, para todo o Brasil.
A trajetória da empresa não foi fácil. Rose fala que no começo houve muita resistência. “Por ser uma mulher negra, empreendedora negra, ela não é vista na sociedade, por causa do preconceito. Quando você coloca um produto no mercado, as pessoas às vezes desacreditam naquele produto. Então você tem que mostrar o tempo todo que você é bom naquilo que faz”, explica um dos desafios que ela diz que estão quase enfrentados.
Apesar de saber que passa e ainda vai passar por situações desanimadoras, Rose crê numa mudança para um mundo melhor e procura focar no lado positivo. Confessa que seu maior orgulho e sua maior satisfação é quando um cliente dá um retorno positivo sobre os produtos e elogia os resultados.
Quem concorda com a eficácia dos cosméticos é a Thaís Gonçalves, consultora de bem estar. Ela conta que usou o óleo de desenvolvimento capilar e teve retorno em 90 dias. E mais que recomendar a Rose Cosméticos, Thaís destaca que o lado empreendedor da vendedora a inspira como cliente, mulher, negra e empreendedora. “A satisfação dela, o olhar dela de ‘nossa, consegui!’, é muito bom, é muito satisfatório”, comenta a consultora.
Fazer a diferença com os cosméticos naturais tem fidelizado a clientela. Andrízia dos Santos, 26 anos, moradora da cidade de João Monlevade, é cliente desde 2019. “Fiquei totalmente dependente e hoje eu faço uso do produto contínuo, todos os dias”, acrescenta, no relato de um tratamento feito contra acne com os cosméticos da Rose.
Para Joisceany Moreira, 41 anos, Analista de relações com comunidades, ser cliente é sentir-se renovada e poderosa. Ela faz uso de diversos produtos e obtém resultado positivo. “Eu simplesmente amo me cuidar com os produtos dela”, declara.
Expo Favela 2023
Rose explica que por ser um evento para empreendedores de favelas, se surpreendeu pelo tratamento que recebeu, pois diz que não está acostumada a ser tão acolhida. Fala sobre a alegria de ter sido ouvida e reconhecida pelo seu talento, tanto em São Paulo quanto em BH. “Pararam pra ouvir a minha história. E eu fui uma criança que passou noites na rua, fui criada em situações de revirar lixo pra comer. E eles pararam para entender quem somos nós de verdade”, relembra, visivelmente emocionada.
Joisceany Moreira. Créditos – Divulgação.