Ruas do Jacarezinho são marcadas por atos de pedidos de justiça

Pessoas de todos os lugares da cidade se uniram em protesto à violência, e em solidariedade à perda de tantas vidas.

"Contra o genocídio rebelar-se é justo" _ foto: Marcella Saraceni

No dia 7 de Maio a comunidade do Jacarezinho realizou atos em protesto às mortes oriundas das ações policiais realizadas no território. Estavam presentes pessoas de todos os lugares e diversas vozes necessárias foram escutadas, como de mães que perderam seus filhos, lideranças comunitárias e artistas da baixada, que chegam para lembrar que o que falta nas favelas é oportunidade, pois são espaços berço de cultura e potência.

As manifestações passaram pelas áreas em que ocorreram as execuções e a sensação era de tristeza e revolta geral. Pessoas tomadas por emoções diversas mas envolvidas pela solidariedade na dor e luta por justiça.

foto: Marcella Saraceni

Os gritos eram sobretudo uma lembrança de que no Brasil não há pena de morte, o que portanto não permite que a polícia detenha tal decisão, cabendo a ela apenas a detenção dos suspeitos. Essa tragédia é ainda mais complexa visto que no dia da operação os policiais retiraram os corpos das casas e ruas, configurando desfazimento de cena e dificultando a perícia.

Para além das mortes causadas, foi possível perceber que o que ficou é uma comunidade traumatizada, marcada por uma memória de extrema violência que possivelmente nunca será apagada. Mas para além disso, assim como falou uma representante das Mães de Manguinhos, “quem fica encontra forças que não imaginava que tinha, para lutar em memória de seus filhos, familiares e semelhantes.” Era nítido que havia sofrimento, mas também força e fé nos olhos das pessoas presentes, muito alimentadas pelo poder do coletivo.

A sociedade ainda aguarda um posicionamento do Ministério Público, além de uma série de informações sobre a ação, suas motivações e consequências; com os números de mortos tendo sindo atualizados hoje para 29. Amanhã, no Dia das Mães, a ANF presta solidariedade a todas as mães do Jacarezinho que perderam seus filhos na operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.

foto: Marcella Saraceni

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