Entre 20 e 26 de novembro de 2017, em Quito, capital do Equador, acontecerá o III Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária. O Programa Cultura Viva, surgido no Brasil em 2004 e consolidado como Política de Estado a partir da aprovação da Lei Cultura Viva em 2014, inspirou ao longo dos anos experiências de políticas culturais e movimentos sociais de cultura em diversos países e cidades da América Latina. O fortalecimento e a conexão entre estas experiências vêm consolidando uma rede continental de organizações culturais comunitárias, gestores e legisladores em torno do conceito de Cultura Viva Comunitária, que se constitui hoje como um repertório comum para as políticas culturais na América Latina.
Este encontro continental em Quito consolida uma trajetória que se iniciou em 2013 com a realização do I Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária em La Paz, capital da Bolívia, reunindo cerca de 1.200 participantes de 17 países. Inspirado no tema “Cultura, Descolonização e Bem Viver” e na cosmovisão dos povos indígenas majoritários daquele país, que vive um processo de transformação política e cultural com a constituição de um Estado plurinacional, este Congresso foi um marco fundamental na construção organizativa de um movimento latino-americano. Em 2015, o II Congresso aconteceu em El Salvador, pequeno país da América Central que hoje tem na Cultura Viva Comunitária e nos “Puntos de Cultura” a principal estratégia de política cultural em nível nacional.
O Congresso do Equador acontece em um momento crucial na América Latina, em que a ofensiva do imperialismo ao ciclo progressista do continente nas primeiras décadas do século XXI provoca o recrudescimento de uma agenda de retirada de direitos e conquistas do povo e dos trabalhadores em diversos países, com impactos graves nas políticas públicas de educação, cultura, meio ambiente, direitos humanos, entre outras. Ao mesmo tempo, a crise de representação, paradigma e forma de organização que atinge o campo da esquerda em seus espaços tradicionais – partidos, sindicatos etc. – posiciona o campo da cultura, e em particular a Cultura Viva Comunitária, como ator fundamental na construção de uma nova agenda e uma nova plataforma para a esquerda latino-americana.
Reuniões de trabalho entre representantes de movimentos de Cultura Viva Comunitária de sete países (Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Equador, Colômbia e México) durante o Encontro Cultura Viva nas Cidades da América Latina (Campinas – SP) e no I Encontro Latino-americano de Comunicação Comunitária (Niterói – RJ) deram impulso na primeira quinzena de julho à mobilização das organizações culturais comunitárias e Pontos de Cultura para participar do Congresso. A Caravana Brasileira Rumo a Quito, lançada no último dia 09, é um movimento que pretende ativar redes em cidades, territórios e comunidades de todo o país para que, mais uma vez, o Brasil se encontre com as experiências de Cultura Viva Comunitária, fortalecendo a integração política e cultural com os países da América Latina.
E aí, nos vemos em Quito?