Semana passada, fui pego de surpresa com a notícia de que a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura, pretende despejar a ONG criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, de sua sede no Galpão Docas Pedro ll, também conhecido como Galpão da Cidadania. A justificativa é que a prefeitura da cidade precisa de um local para a instalação de um projeto da secretaria, que é a criação do chamado MEL – Museu da Escravidão e Liberdade.
Não estou falando de uma ONG que está começando agora. A Ação da Cidadania Contra a Fome, Miséria e Pela Vida está no Cais do Valongo há 17 anos, atendendo a milhares de pessoas desde a sua fundação, e corre o sério risco de ter suas atividades suspensas pelo governo municipal, com o aval e parceira do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Tudo começou no início do ano, quando a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) procurou os gestores do projeto para sondar com o espaço a criação do MEL. A direção afirmou que já tinha um projeto parecido, que é o Museu da Diáspora Africana. A secretaria inclusive propôs uma parceria com a Ação da Cidadania e afirmou que, caso não conseguissem fazer uma criação conjunta, a prefeitura procuraria outro local para a criação do museu. Mas isso não aconteceu. Na semana passada, o Ação da Cidadania foi pego de surpresa com a notícia de que a prefeitura vai se apossar do espaço para a criação do tal museu. A Ação da Cidadania está tentando reverter a situacao e até criou uma petição online para evitar o fechamento.
A sociedade civil precisa se unir para impedir essa injustiça. Que sejam respeitados os vários anos de trabalho da Ação da Cidadania e que procurem outro local para a criação desse museu. Não é possível que a SMC desconsidere a luta e a história dessa que é uma das ONGs mais respeitadas do país. 17 anos de projetos e benefícios à população não podem ser tratados dessa forma.
A Prefeitura deve e precisa dialogar com todas as partes envolvidas. Essa luta está apenas começando!