Resíduos hospitalares não infectantes e elementos marítimos são ressignificados em arte com objetivo de estimular a criatividade e habilidades de mulheres e crianças para o artesanato.
Em alusão ao mês da mulher, a Agência de Notícias das Favelas, promoveu uma roda de conversa com mulheres artesãs de Salvador, com objetivo de fomentar a troca de saberes e experiências de empreededorismo na periferia.
Além da roda de conversa, às mulheres compartilharam produtos, fizeram oficinas de desenho para crianças, promoveram exposição de suas obras de artes como: artesanato, pintura, bordados, entre outros produtos confeccionados por diferentes matérias primas, em sua maioria de materiais recicláveis (registros na galeria no final da matéria).
Perfis das artesãs
Lívia Passos, soteropolitana, 51 anos, formada em técnica de Patologia Clínica, Meio Ambiente e Enfermagem. Trabalhou por 30 anos no Hospital São Rafael, em Salvador- BA, no Centro Cirúrgico.
Em paralelo, trabalhou como representante entre os anos de 2010 a 2013, para empresa de kits cirúrgicos e embalagens destinadas à Central de Material de Esterilização, de 2013 a 2015 trabalhou no SAMU e em 2016 iniciou o trabalho de coleta seletiva.
Rosangela de Jesus, soteropolitana, 52 anos, aposentada, trabalhou como Auxiliar Operacional, serviço de Apoio a enfermagem, na Central de Material Esterilização, no Hospital da Bahia e na Fundação Bahiana de Cardiologia, por quase 30 anos.
Ressalta-se que ambas preocupadas com a questão ambiental, observaram que a migração do kit de algodão para embalagem SMS, um tipo de tecido não tecido, aumentaria o volume de resíduos, mesmo não sendo materiais infectantes, foi assim, que iniciou sua caminhada na reciclagem.
Agda Cardoso, jaguaquarense, 75 anos, mãe solo de 7 filhos, enfrentou dificuldades, mas nada fez com que ela desistisse de realizar seus sonhos. Trabalhou como ajudante de pedreiro, lavadeira, gari, cuidadora de idosos e merendeira por seis anos na Escola Estadual Nossa Senhora da Paz.
Aos 70 anos, sofreu o Acidente Vascular Cerebral (AVC) no período de tratamento ela despertou seu interesse por artesanato ao assistir um programa. Motivada, ela se tornou artesã autodidata com habilidade para criar peças de decoração com elementos marítimos e matérias-primas, tipo papel-jornal.
A força de vontade de D. Agda é exemplo de perseverança e coragem, pois demonstra que idade não é impeditiva para participar de eventos como peças teatrais e esportes.
Ademais, participa ainda, como palestrante, convidada pelas Universidade Federal da Bahia e Universidade Salvador para mostrar a importância do seu trabalho com artesanato, reconhecido e divulgado pela Agência de Notícias da Favela, por meio dos colaboradores dos estados de Aracaju, Fortaleza, Maranhão, Paraíba, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
As artes produzidas por Agda foram divulgadas, também na Eupora (Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal) e nos Estados Unidos.
“Hoje eu sou rica, no saber, na experiência e no viver” conta Adga Cardoso
Ressignificar resíduos hospitalares e elementos marítimos em arte é um trabalho desenvolvido pelas artesãs Lívia Passos, Rosângela Jesus e Agda Cardoso, dotado de vivências e partilhas de saberes que serviram para trocas de experiências.
O evento do qual elas participaram aconteceu no último sábado, 12, na sede da Agência de Notícias da Favelas- ANF, no Bairro da Paz, em Salvador.
Entre as presenças, o encontro contou com a visita de Graciete Almeida, coordenadora de Minidoor Social, em Recife. Trabalho idealizado e gerenciado pela ANF. Ela também é empreendedora nas áreas de saúde e fotografia, principalmente nas periferias de Recife, com atuação frequente nas questões sociais do seu bairro e atualmente participa de uma mobilização por direitos a moradia em conjunto com Assentamento Marielle Franco, na capital Pernambucana.
Agda Cardoso, que tem seu ateliê no Bairro da Paz, Lívia Passos e Rosangela de Jesus, são responsáveis pelo Projeto Revivart- Educação Ambiental.
Crédito: Paulo Almeida Filho/ANF
Projetos desenvolvidos
Em função do momento em que viviam, as sócias Lívia e Rosangela, que trabalhavam na área de saúde, observaram que os kits de cirurgias (limpos) eram descartados de forma inadequada, causando forte impacto ao meio ambiente.
Por esse motivo, nasceu o Projeto Revivart, que tem como missão, transformar vidas e fomentar a sustentabilidade com criatividade e educação ambiental. Por meio dos resíduos hospitalares limpos e livre de contaminação, as artesãs ensinam e estimulam as pessoas produzirem objetos de arte, moda e decoração, tendo como finalidade, diminuir os agentes agressivos ao meio ambiente.
Lívia e Rosangela são empreendedoras, educadoras, incentivadoras, protetoras ambientais, colegas de profissão e amigas. As artesãs buscam conhecimento para compreender e entender que não há limite para aprendizagem. A participação no Baanko Challenge alavancou o planejamento do projeto do negócio de impacto, na construção de ações as quais transformam comunidades e sociedade de modo geral.
Com participação em Seminários, a exemplo, do 12º Seminário de Hospitais Saudáveis/2020 e Hospitais Saudáveis/2019, incluindo Palestras, Oficinas e Treinamento em Clinicas, Escolas Municipais e Estaduais, Universidades, Hospitais e empresas afins, seguem a caminhada expondo as produções em quadros pintados em isopor, além das sacolas, vestidos, tapetes e colchonetes produzidos em TNT (produto biodegradável e não é tóxico para o meio ambiente).
“Falaremos de coragem e arte, amor e arte, poesia e arte. A arte que cuida e alimenta transforma vidas e fomenta a sustentabilidade com criatividade e educação ambiental”, afirma Lívia Passo.
Com a mesma linha de pensamento, a artesã Agda desenvolve seus trabalhos manuais buscando inspiração na natureza. Ela recolhe na praia elementos marítimos (búzios, conchas e pedras) para criação de suas peças, bem como, utiliza matérias-primas, a exemplo do papel-jornal para uso em molduras de quadros e produção de cestos, os quais tem como propósito a melhoria da sua qualidade de vida e sustento familiar.
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