Hoje, o domingo amanheceu chuvoso. Talvez, em razão do simbolismo da data, afinal, hoje é Dia do Professor: profissional tão mal tratado, mal pago, desrespeitado pelo estado, muitas vezes pelos próprios alunos e seus pais.
É um dia para refletirmos que tipo sociedade queremos e a importância do saber na vida de cada um de nós, além da grande influência que o educador possui na nossa trajetória pela vida. É triste o cenário de hoje, profissionais tão desamparados; eles que multiplicam o saber, que nos inoculam a curiosidade, que nos forjam para nos apoderarmos do mundo através de seus ensinamentos, que nos abrem as portas do conhecimento, que nos sinalizam que pertencemos a algum lugar, que nos contam como chegamos até aqui, que nos preparam para chegarmos aonde quisermos com o conhecimento adquirido.
Educadores são preciosos, detêm a sabedoria dos livros, nos levam a caminhar pela ciência, pela matemática, pelo português e por muitas outras matérias que nos mostram o mundo multifacetado em que vivemos, as suas diferenças geográficas, de costumes, suas línguas, suas origens.
Chora o céu por esse dia que devia ser de reconhecimento e agradecimento a esses formadores que oferecem o melhor daquilo que possuímos, o conhecimento.
Eu me lembro da minha primeira professora, que me ensinou durante todo o meu primário. A professora Yêda, além de professora-diretora da escola, era educada, alegre, inteligente, comprometida com o conhecimento. Leitura, ditado, cópia e tabuada eram diários, além das outras matérias, com prova escrita e oral. Eram tempos de muito estudo e muita alegria. A escola era um lugar tranquilo, ansiosamente feliz, lugar de preparação para o futuro numa época de sonhos ingênuos.
Lembro-me dela com muito carinho e muito respeito. Posso fechar os olhos e vê-la. A importância que ela teve na minha vida fez com que eu não a esquecesse. Ela me apresentou o mundo e me ofereceu possibilidades de caminhar por trilhas que eu escolhesse. Despertou em mim a vontade de aprender mais, de buscar respostas, de apoderar-se da vida através do saber.
Hoje, era dia para que se houvesse festa nas ruas, para homenagearmos quem nos ensina, nos capacita para a caminhada pelo mundo, quem nos instrumentaliza para conseguirmos galgar as etapas da vida.
Hoje, era dia para agradecermos pelo saber que nos é oferecido diariamente, seja no Maternal, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio, na universidade, nas pós-graduações, em todas as capacitações vida afora e também por aqueles que transmitem seu conhecimento empírico, seu notório saber. Todos são dignos do nosso mais profundo e máximo respeito, pelo esforço para encontrar formas de nos ensinar, de despertar a curiosidade em nós, de compartilhar saberes.
Mas, ao contrário, tratamos nossos mestres como uma casta menor. O estado investe pouco em um país medíocre. A cultura nos traz a capacidade de escolher representantes melhores, de cobrarmos por administrações públicas mais responsáveis, por gestores comprometidos com o bem público e com o crescimento social em todos os sentidos. Não há crescimento social em um país que não estuda, que não sabe, que não lê, que tem tantos analfabetos funcionais!
Nós, sociedade, também oferecemos o desrespeito quando doamos à escola a educação dos filhos. Escola ensina, família educa! Cabe a cada um assumir o seu papel, por mais complexo que seja. A família, juntamente com a escola, são responsáveis pela formação desse cidadão em crescimento.
Choram os céus nesse domingo por não reconhecermos o poder do saber, da cultura, do conhecimento que nos é oferecido através de nossos abnegados professores e quanto todos nós percebemos tão pouco a grandeza do ensinar.