Saramandaia e a luta pelo Direito Humano à Educação

As reivindicações pela construção de escolas em Saramandaia, assim como todos os equipamentos públicos ali instalados é resultado da conscientização política de seus moradores. Essa conscientização tem origem na década de 1970 quando os primeiros moradores construíram seus barracos à margem da Avenida Antônio Magalhães.

A época um grupo de missionários católicos liderados por Adalgisa Maia,  assumiu o compromisso de construir a primeira escola no local, além de denunciar a condição de marginalidade, violão de direitos e invisibilidade daquela população.

Imagem da primeira escola de Saramandaia.
Crédito: Reprodução. Escolinha Tia Gisa. Primeira Escola da Favela de Saramandaia construída em 1977.

Com a saída de Tia Gisa, a Monja Madre Paula, Irmã Paula, criou a Associação de Pais e Mestres, para assegurar a continuidade da Escola Nossa Senhora das Mercês e a criação de mais duas escolas comunitárias, Escola Nossa de Lourdes e a Escola São Francisco de Assis, que funcionavam graças ao trabalho de mulheres e mães da comunidade.

Mas, o trabalho nas escolas comunitárias não se limitou apenas a educação das crianças, mas também a conscientização política das mulheres que se organizaram para garantir a alimentação diária das crianças junto aos grandes estabelecimentos comerciais da Capital e o atendimento as exigências legais para obterem gêneros alimentícios junto ao poder público.

Saramandaia e a luta pelo Direito Humano à Educação
Crédito: Jornal A Tarde (1984). Entre muitas reivindicações, a comunidade de Saramandaia vai lutar pela construção de escolas no local.

Como resultado desse movimento de organização dos moradores, surgiram as primeiras associações, que reivindicavam do Estado implantação de serviços e equipamentos coletivos. Em 1985, após várias mobilizações lideradas pela Associação Beneficente de Senhoras, a Secretaria Educação de Salvador constrói a Escola Municipal Marisa Baqueiro Costa.

Atualmente, Saramandaia tem uma população de 12 mil habitantes, sendo 89,59% de cor ou raça negra (IBGE, 2010), que ainda convive com a falta de infraestrutura e saneamento básico, alto nível de violência e uma das mais altas taxas de analfabetismo entre a população com 15 anos ou mais de idade da capital baiana 10,21%, segundo dados do IBGE, (2010).

Embora, o bairro conte com duas escolas municipais de anos inicias do Ensino Fundamental e três escolas comunitárias de Educação Infantil a quantidade de vagas é insuficiente para atender demanda de crianças, adolescentes e adultos que necessitam de educação escolar, representado um problema grave para o exercício da cidadania.

Segundo informações dos líderes comunitários, a Defensoria Pública foi informada sobre a falta de vagas pelos defensores públicos da área da Criança e do Adolescente e pelo Conselho Tutelar de Pernambués, assim como por moradores durante um mutirão da cidadania realizado no bairro. Mas, até o fechamento da matéria nenhuma providencia foi tomada para resolver o problema de falta de escolas em Saramandaia.

Vemos, assim, que a luta dos moradores de Saramandaia pelo Direito Humano à Educação não acabou. Agora, é preciso lutar pelo direito de matricular os filhos em escolas que oferecem toda à Educação Básica dentro do bairro, além das condições necessárias para permanecer e prosseguir nos estudos.