As reivindicações pela construção de escolas em Saramandaia, assim como todos os equipamentos públicos ali instalados é resultado da conscientização política de seus moradores. Essa conscientização tem origem na década de 1970 quando os primeiros moradores construíram seus barracos à margem da Avenida Antônio Magalhães.
A época um grupo de missionários católicos liderados por Adalgisa Maia, assumiu o compromisso de construir a primeira escola no local, além de denunciar a condição de marginalidade, violão de direitos e invisibilidade daquela população.
Com a saída de Tia Gisa, a Monja Madre Paula, Irmã Paula, criou a Associação de Pais e Mestres, para assegurar a continuidade da Escola Nossa Senhora das Mercês e a criação de mais duas escolas comunitárias, Escola Nossa de Lourdes e a Escola São Francisco de Assis, que funcionavam graças ao trabalho de mulheres e mães da comunidade.
Mas, o trabalho nas escolas comunitárias não se limitou apenas a educação das crianças, mas também a conscientização política das mulheres que se organizaram para garantir a alimentação diária das crianças junto aos grandes estabelecimentos comerciais da Capital e o atendimento as exigências legais para obterem gêneros alimentícios junto ao poder público.
Como resultado desse movimento de organização dos moradores, surgiram as primeiras associações, que reivindicavam do Estado implantação de serviços e equipamentos coletivos. Em 1985, após várias mobilizações lideradas pela Associação Beneficente de Senhoras, a Secretaria Educação de Salvador constrói a Escola Municipal Marisa Baqueiro Costa.
Atualmente, Saramandaia tem uma população de 12 mil habitantes, sendo 89,59% de cor ou raça negra (IBGE, 2010), que ainda convive com a falta de infraestrutura e saneamento básico, alto nível de violência e uma das mais altas taxas de analfabetismo entre a população com 15 anos ou mais de idade da capital baiana 10,21%, segundo dados do IBGE, (2010).
Embora, o bairro conte com duas escolas municipais de anos inicias do Ensino Fundamental e três escolas comunitárias de Educação Infantil a quantidade de vagas é insuficiente para atender demanda de crianças, adolescentes e adultos que necessitam de educação escolar, representado um problema grave para o exercício da cidadania.
Segundo informações dos líderes comunitários, a Defensoria Pública foi informada sobre a falta de vagas pelos defensores públicos da área da Criança e do Adolescente e pelo Conselho Tutelar de Pernambués, assim como por moradores durante um mutirão da cidadania realizado no bairro. Mas, até o fechamento da matéria nenhuma providencia foi tomada para resolver o problema de falta de escolas em Saramandaia.
Vemos, assim, que a luta dos moradores de Saramandaia pelo Direito Humano à Educação não acabou. Agora, é preciso lutar pelo direito de matricular os filhos em escolas que oferecem toda à Educação Básica dentro do bairro, além das condições necessárias para permanecer e prosseguir nos estudos.