Seminário “Meninas por uma Educação com Igualdade” será realizado no Recife

Crédito: CENDHEC

Acontece nesta quarta-feira, 16, o Seminário “Meninas por uma Educação com Igualdade”, no Auditório Dom Helder Camara, Bloco A, Universidade Católica de Pernambuco- Unicap, das 9h às 12h. Na ocasião será lançada a pesquisa sobre desigualdades de gênero na educação.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), com apoio do Fundo Malala, buscou entender os efeitos das desigualdades de gênero na vida escolar de meninas.

Realizada com 438 estudantes do ensino fundamental II das redes de ensino municipal público do Recife, Camaragibe e Igarassu, o levantamento compõe uma das ações do projeto Na Trilha da Educação.

Gênero e Políticas Públicas para Meninas e mostrou que 94% das estudantes ouvidas querem que o tema da igualdade de gênero seja discutido nas escolas.

Racismo, assédio, LGBTQIA+fobia, trabalho doméstico e falta de incentivo para a prática de atividades esportivas são alguns dos problemas apontados pelas adolescentes.

Os primeiros resultados da pesquisa, encabeçada pela entidade que há 33 anos trabalha na defesa e promoção de direitos humanos, serão apresentados e destrinchados durante o seminário “Meninas por uma Educação com Igualdade.

Crédito: CENDHEC

 

O encontro reúne educadoras/es; estudantes; representantes das secretarias municipais e gestões escolares das cidades parceiras do Cendhec. Realizada entre os meses de março a setembro de 2022, a pesquisa foi dividida em dois métodos: quantitativo – por meio da aplicação de questionários; e qualitativo – através da formação de grupos focais.

As adolescentes consultadas responderam ao questionário no método quantitativo;
gestoras/es e professoras/es também foram ouvidos/as durante o estudo. Já no método qualitativo, um grupo de 71 meninas participou de rodas de discussão sobre desigualdade de gênero e educação, sendo 35 estudantes matriculadas no fundamental II e 36 jovens que estão fora da sala de aula, com até 21 anos. Mães de estudantes também foram entrevistadas.

Pedagoga do Cendhec, Paula Ferreira é integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala (Rede Malala) e também atuou na mobilização da pesquisa. A ativista acredita que o enfrentamento às desigualdades de gênero é um desafio que precisa ser encarado pelas secretarias de educação e gestões escolares.

“Vivemos em uma sociedade estruturada pelo machismo e isso faz com que muitas meninas enfrentem barreiras na escola. Para combater as desigualdades de gênero no ambiente escolar é preciso que as três redes parceiras do Cendhec, e que participaram da
pesquisa, possam pensar em ações e projetos para garantir uma educação mais inclusiva para meninas, principalmente negras e que estão em vulnerabilidade social. Esse levantamento oferece dados importantes para pensar nas melhores estratégias”, diz.

Uma educação não sexista orienta-se pelo que dispõe a Resolução 34/180 da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), de 18 de dezembro de 1979, a qual se coloca a favor das “mesmas condições de orientação profissional, de acesso aos estudos e de obtenção de diplomas nos estabelecimentos de ensino de todas as categorias”.

O documento propõe também a “eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis masculino e feminino em todos os níveis”. Rebecca Andressa, de 14 anos, estudante da rede municipal do Recife, tem a resposta na ponta da língua quando o assunto é a educação que ela quer. “Uma escola que tenha igualdade para meninos e meninas é uma escola que apoia não só os meninos, mas também as meninas para que elas tenham sua voz ouvida. Tem muitas desigualdades na escola e precisamos de mais respeito, não só
na escola como em qualquer lugar”.

Crédito: CENDHEC

Coordenadora do Programa da Criança e do Adolescente e coordenadora adjunta da instituição, a cientista social Katia Pintor pontua que a pesquisa considerou aspectos como classe, raça e gênero. “Ouvir as meninas ajuda o Cendhec a ter elementos para fazer com que essas vozes sejam ecoadas e transformadas em ação, em políticas públicas que garantam direitos previstos na Constituição de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa pesquisa é muito importante para que o trabalho do nosso centro de defesa siga cada vez mais fundamentado”.

Além da apresentação dos resultados, durante o seminário o Cendhec entregará às secretarias de Educação uma carta de recomendações produzida pelo centro, a partir da experiência do projeto.

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