Como é ser uma pessoa trans no Brasil

Bandeira símbolo da causa trans carregada por participantes da Parada LGBT de São Paulo - Foto Observatório do Terceiro Setor

Para abordar como é ser uma pessoa trans no Brasil, precisamos partir do fato que estamos falando sobre o país que mais mata essa população no mundo. A expectativa de vida de uma pessoa trans neste país é a metade, comparando com a da população em geral.

A transfobia está enraizada em uma sociedade conservadora da moral e dos costumes. Ela pode acontecer de diversas formas, desde casos mais evidente, como o assassinato ou o suicídio, que também acomete este grupo, até casos mais sutis e naturalizados. Os dados refletem que 85,7% dos homens trans no Brasil já pensaram ou tentaram suicídio e que 90% das mulheres trans trabalham com prostituição.

A vida de uma pessoa trans já começa complicada, quando ainda um feto, recebe todo um ritual e uma festividade baseados na perspectiva de algum genital mostrado no ultrassom. E se a criança, quando criar noção sobre si mesma, não atender a essas expectativas? Em diversos aspectos, existe uma notável cultura na criação de filhos, em que os pais demandam muitas expectativas sobre as crianças, e não seria diferente na ótica do gênero.

Grande parte das famílias não aceitam seus filhos trans e os expulsam de casa. Essas pessoas acabam encontrando o sustento na prostituição ou em outros trabalhos informais, pois não conseguem ter acesso ao sistema educacional e o mercado de trabalho. Mesmo tendo o apoio da família, a falta de acesso a diversos espaços ainda acontece.

Contudo, apesar de ser importante enfatizar as problemáticas, ser uma pessoa trans não quer dizer estar fadada à infelicidade. Elas são pessoas comuns, como quaisquer outras com quem é totalmente possível conviver, se relacionar e que merece respeito como qualquer outra pessoa cis*.

É certo que muita coisa ainda precisa melhorar, mas atualmente vemos cada vez mais pessoas trans alcançando seus sonhos e objetivos, até o sucesso, a exemplo do cenário da música. Ter pessoas trans ocupando esses espaços, comumente negados à diversidade e sem representatividade, demostra o quanto são apenas pessoas normais, lutando por uma chance de sair das sombras da sociedade.

*Pessoas cis são pessoas não trans.