7 meses, 5.136 horas,214 dias e 31 semanas. Esse é o tempo que Marielle e Anderson não estão mais entre nós. Eles foram mortos na noite de 14 de março, quando passavam pelo Largo do Estácio, voltando de uma reunião na Casa das Pretas, onde Marielle, sorridente, defendia o direito de ser mulher, negra e livre. A vereadora eleita- como ela mesma sempre ressaltava- incomodava muita gente. Era um problema para a branquitude racista, elitista e excludente. Era resistência. Anderson, seu motorista, era um homem amoroso e íntegro, como poucas pessoas no mundo. 7 meses depois, ainda não há resposta para as perguntas que palpitam no coração de todo cidadão de paz: quem matou e quem mandou matar Mari e Anderson?
Mesmo em meio a tantas dúvidas, existe uma certeza: Marielle virou semente. Sua voz ecoa entre as portas da Alerj, entre as ruas, entre as praças, entre as memórias. Várias denúncias foram feitas, mas o caso segue em segredo de justiça. O inegável é que, como admitiu o próprio secretário de Segurança Pública do Rio, General Richard Nunes, o crime teve motivação política. Marielle lutava pelos direitos humanos, fiscalizava a intervenção militar e tinha projetos na Alerj que atrapalhavam a milícia. Ser mulher, preta, eleita e inteligente incomoda muita gente. Eles acharam que iam calar a voz de uma mulher que representa todas as mulheres, mas erraram: Mari é semente.
Marielle foi morta mais uma vez quando Daniel Silveira e Rodrigo Amorim quebraram a placa em homenagem à vereadora, na Cinelândia. Novamente, porém, ela virou semente. No domingo, dia 14, mesma data em que se completam 7 meses do assassinato brutal que parou o país, serão espalhadas mil placas com o nome de Mari pelas ruas de Rio de Janeiro. O encontro acontecerá na Cinelândia, onde a depredação à memória dela aconteceu, às 13 horas. Quem matou Herzog? Quem matou Claudia? Quem matou Eduardo?Quem matou Amarildo? Quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes? Para essas perguntas, só temos uma resposta: pessoas diferentes tomadas pelo mesmo espírito de ódio. Porém, como diz a letra da canção, “ainda bem que contra o bem o mal não se dá bem”. Marielle e Anderson, presente!