Finalizando já o Setembro Amarelo, campanha que fala sobre a prevenção ao suicídio e cuidados com a saúde mental, muitos conteúdos são publicados nesse caminho.
Dicas mais simples de cuidados, acompanhamento psicoterapêutico, tudo isso faz uma diferença enorme para a prevenção, e de fato são temas pertinentes.
No entanto, ao observar a crescente desigualdade social, e políticas públicas cada vez mais ausentes na periferia, surge um questionamento: Políticas Públicas também servem de prevenção? A ideia é que este tema se junte aos demais produzidos pelos inúmeros profissionais, em direção a um ponto específico de cuidado.
Rotinas de sofrimento
A falta de alimento, de acesso a saúde e educação, além da escassez de trabalhos que paguem o suficiente não é lá uma rotina muito saudável.
Esse tipo de situação, vivenciada por muitos brasileiros, é certamente um gerador de sofrimento, que começa logo cedo de manhã, e vai até a hora de dormir (se possível).
Já foi dito aqui ( https://www.anf.org.br/sofrimentos-silenciados-a-banalizacao-da-dor/ ) sobre como o dia a dia pode gerar sofrimento para as pessoas, e a falta que faz mecanismos e ferramentas que possibilitem esse cuidado de perto.
Programas de psicoterapia, espaços de escuta e outros de planejamento, são importantes para que as pessoas consigam enxergar saídas.
Isso também ajuda a entender que o local onde se vive é um facilitador para o surgimento de doenças psíquicas como depressão e ansiedade.
Setembro Amarelo X Políticas Públicas
Se o meio onde se vive e a rotina geram sofrimento pela falta de apoio governamental, podemos dizer com certeza que o Setembro Amarelo também trata sobre Políticas Públicas.
Se você tem meios sociais para lidar com a desigualdade, com a fome, com a violência, certamente sua saúde mental já tem um bom caminho de prevenção.
Não se trata de eliminar a possibilidade, já que ela é inerente às nossas relações e convivências durante o dia.
Mas poder sair de casa sem medo da violência, conseguir trabalhar em um ambiente leve, e ter uma remuneração suficiente para dar de comer a si e todos da família já tira um enorme peso. Essa já é uma discussão que existe em alguns setores, mesmo da psicologia, mas infelizmente ainda temos pouco espaço para fazer valer tais direitos básicos.
Para além do Setembro
Não à toa este texto chega logo ao final da campanha. Não é uma tentativa de salvar a discussão e trazer um tema aleatório. A luta por políticas públicas, em prol da saúde mental da população, deve ser algo constante e que garanta, no mínimo, condições para o bem estar biopsicossocial e espiritual, como rege a OMS.
Isso diz menos sobre lutas políticas vazias, e campanhas que se encaixam em temas, mas sobre o que queremos para nossa sociedade.
Fazer valer a discussão das Políticas Públicas como estratégias de prevenção é algo que deve vir em setembro e em todo o ano.
No entanto, não tira a importância da campanha de prevenção ao suicídio, o que deve também durar todo o ano.
E para isso, todas aquelas dicas e cartilhas trabalhadas durante todo o ano, devem ser levadas em conta.
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