Sexta-feira não combina com céu nublado e chuva. É como se ela estivesse de mau humor, nem quisesse ser a Sexta que se espera dela: sorridente, alto-astral, despojada, daquelas pessoas que cumprimentam todo mundo na favela.
A Sexta é dessas, que sempre pensa num almoço diferente e em algum lugar para ir a noite. É grande amiga da Lapa, mesmo que essa pareça mais esnobe, mesquinha, gourmet, daquelas que só segrega. Mas, para equilibrar, mantém uma amizade com o Parque União: intenso, pulsante e versátil.
Talvez, hoje, a Sexta não esteja bem. Simplesmente não quer sorrir pra todo mundo como de costume – e ela tem esse direito. Se eu quero que me entendam quando eu estou “boladão da vida”, por que não tentar entendê-la? Sempre que lhe perguntam “Tudo bem?”, “Tranquilona?” , ela sempre respondeu com um “Tudo bem!”. Mas será que as respostas não foram simplesmente força de expressão, assim como as perguntas feitas?
Vamos dar razão à Sexta por ela querer o cinza. Não somos absolutos nessa jornada chamada vida. Sorriso sem naturalidade é um sorriso sem luz ou uma boa maquiagem no rosto. Sejamos nós mesmos e não o personagem que o senso comum espera.
Só não podemos nos fechar e nos tornar cinzentos pra sempre. Até porque sempre há um novo amanhecer.