O sarcasmo dos torcedores ao escolher o goleiro como ‘Craque do Jogo’ nos leva a pensar a falta de empatia do ser humano.

Crédito: Reprodução. Goleiro Sidão

Após falhar no primeiro gol da derrota do Vasco para o Santos por 3 a 0, o goleiro do time carioca, Sidão, foi eleito “Craque do Jogo”. A escolha do atleta é feita através dos votos de internautas na página da Globo.

A entrega do objeto gerou um péssimo clima com a repórter Julia Guimarães.

Na saída do gramado, a jornalista, claramente constrangida com a situação, comunicou a decisão dos internautas, e entregou o troféu ao atleta que não teve reação. Ao perceber o constrangimento do atleta, a Globo se manifestou durante o programa “Fantástico”, se desculpou com Sidão, e declarou que agora além da votação realizada na internet, um grupo de jurados irá apurar a decisão de “Craque do Jogo”.

Não há explicações, e não há desculpas para humilhação em rede nacional.

A repórter não tem culpa, isso fica claro em sua declaração, em seu pedido de desculpas em meio a entrelinhas. A emissora tem culpa, tem culpa por não ter se sensibilizado, por ter insistido em entregar o troféu. Porém tem outro personagem nessa história, 90% dos internautas votaram maldosamente para que Sidão fosse eleito o melhor em campo. 90% dos internautas deixaram de lado o humano, e decidiram deixar falar mais alto o rival, um lado sem empatia ao ser humano.

Crédito: Reprodução

Sidney Aparecido Ramos, o ser humano por trás do goleiro que falhou. Em 2001, no início da carreira enquanto fazia parte da equipe sub-20 do Corinthians, viu sua mãe adoecer e falecer. Sidney não aguentou a dor, e achou que as drogas anestesiariam a falta da mãe, isso não aconteceu, e ele perdeu o contrato com o time paulista por causa do seu comportamento extracampo. O atleta já admitiu que por diversas vezes pensou em se matar, e que sua carreira não engrenar era um dos pontos que mais o machucava.

Entre idas e vindas na carreira, ano passado Sidão se destacou com boa passagem em clubes como Botafogo e Goiás, e foi contratado pelo Vasco da Gama. Domingo (12), dia das mães, dia que ele entrou em campo com o nome da ‘Vera Lúcia’ na camisa. Dia que ele prometeu honrar o nome da mãe. Uma falha e uma brincadeira que marcaria aquele dia como um dos piores de sua carreira.

Até que ponto a falta de empatia leva o ser humano?

Quando uma emissora deve intervir na decisão dos seus telespectadores?

Até que ponto o entretenimento pode invadir a dor do outro?