Depois das famosas imagens, feitas pela TV Globo, dos traficantes fugindo do Complexo da Penha para o do Alemão, em novembro último, os cuidados com as equipes de jornalistas que sobrevoam favelas precisam ser redobrados. A partir daquelas imagens, os helicópteros utilizados pela imprensa certamente passaram a ser visados pelos bandidos. O ideal é que os sobrevôos de comunidades em conflito sejam suspensos, antes que aconteça uma tragédia. É uma questão de bom senso.
O Sindicato manifesta extrema preocupação com o acontecimento, mais um envolvendo a segurança dos jornalistas que trabalham em coberturas nas áreas de risco. O tema é recorrente em todas as rodadas de negociação salarial realizadas entre o Sindicato dos Jornalistas e os representantes das entidades patronais. Diante da gravidade deste episódio, o Sindicato pediu ao gerente de relações sindicais da TV Globo, Edmundo Lopes, um encontro urgente da comissão paritária dos sindicatos patronais das empresas de comunicação e o dos Jornalistas para, mais uma vez, cobrar providências.
Segurança é item de importância fundamental em nossa profissão. Não se pode colocar o furo jornalístico acima da vida de uma pessoa no exercício de sua profissão. O Sindicato sempre teve postura rigorosa nas críticas aos veículos de comunicação que negligenciam com a segurança dos seus empregados e os expõem a riscos desnecessários. As normas de segurança devem ser observadas com extremo zelo pela TV Globo e por todos os veículos de comunicação. É questão de princípio.
No caso específico do ataque ao helicóptero da emissora, é inconcebível que uma empresa tão rica como a Globo não disponha de recursos para adquirir uma aeronave equipada com blindagem adequada, normalmente usada pela polícia nesse tipo de ação. Nem parece a mesma empresa cujos donos têm por hábito andar de jatinhos pela cidade e pelo país afora.
O que não faltam são casos que mostrem às empresas a necessidade de não negligenciar na proteção aos seus funcionários. Além do assassinato de Tim Lopes, tivemos o seqüestro e tortura da equipe de reportagem do jornal O Dia, na Favela do Batan, em Realengo, e o episódio em que uma repórter da TV Bandeirantes foi atingida por um tiro no peito em Botafogo, perto do Morro Dona Marta. Definitivamente, as empresas precisam ser mais cuidadosas e zelosas quanto à segurança dos seus profissionais.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro