O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira, 3, em entrevista ao programa Roda Viva. da TV Cultura, que a situação do ministro da Justiça, André Mendonça, fica “pior” a cada dia. A declaração ao ser questionado sobre reportagem do Uol. Segundo o portal, a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça elaborou relatório sigiloso sobre mais de 500 servidores públicos da área de segurança identificados como integrantes do movimento antifascismo e opositores do presidente da república.
Mais cedo, nesta segunda-feira, 3, o ministro decidiu trocar o chefe da Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas, Gilson Libório, nomeado para o cargo em 25 de maio, por ele próprio.
“O governo pode fazer esse tipo de pesquisa? Estamos diante de uma violação de direitos fundamentais?”, indagou uma jornalista a Maia.
“Se ele (André Mendonça) demitiu um assessor hoje, é porque não pode. E, se não pode, cabe ao ministro uma explicação à sociedade. Se eu fosse o ministro, eu iria ao Congresso, em uma sessão das duas Casas. Me parece muito grave esse tipo de atitude. Ele precisa de uma posição clara, de uma reunião, ser ouvido, ser cobrado pela sociedade através do Parlamento, para que se possa encerrar o assunto”, respondeu.
“A cada dia que passa, eu acho que a situação do Ministério da Justiça e do seu ministro, claro, vêm ficando pior. Eu acho que seria bom se ele pudesse encerrar esse assunto de forma mais contundente do que a forma como ele reagiu até agora. […] Do jeito que as coisas estão caminhando, eu acho que a situação do ministro vem piorando ao longo dos últimos dias”, completou Maia.
Mais cedo, antes da declaração de Maia, o Ministério da Justiça divulgou uma nota na qual afirmou que André Mendonça “está à disposição para prestar esclarecimentos à Comissão Mista de Investigação da Atividade de Inteligência” do Congresso, “aguardando apenas a definição da data”.
A pasta informou ainda que a troca na Diretoria de Inteligência foi feita “como medida considerada adequada à realização dos trabalhos” da comissão responsável pela apuração.
Segundo o Uol, o governo “produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.” Na ocasião em que a reportagem foi publicada, o Ministério da Justiça argumentou que a atividade não configura investigação e se concentra exclusivamente na “prevenção da prática de ilícitos e à preservação da segurança das pessoas e do patrimônio público”.