Solidariedade motiva o voluntariado na pandemia em São Luís

Ações de ajuda humanitária aumentaram durante a pandemia- Crédito: Ong Solidariedade e Paz

Generosidade, empatia e solidariedade: há quem diga que essas três palavras estão em falta no campo prático. Mas você sabia que a pandemia do novo coronavírus despertou muitas pessoas a romperem com o individualismo e se mobilizarem em prol do outro?

Em São Luís, a distribuição de cestas básicas, kits de higiene pessoal e apoio psicológico à população menos favorecida têm feito do momento de caos uma oportunidade para prestar assistência onde o estado geralmente não está em cena.

Aos 27 anos, o engenheiro mecânico e fundador da ONG Solidariedade e Paz, Axel Oliveira, decidiu unir forças e levar ajuda a famílias não alcançadas pelo poder público:

Axel Oliveira fundou e coordena uma ONG em São Luís- Crédito: Arquivo pessoal

“A vida é uma só e temos que fazer nossa parte. As ações me renovam, me deixam mais feliz e disposto a encarar o próximo desafio”, afirma. Para ele, a recompensa por tanto trabalho vem na simplicidade do sorriso, do olhar alegre e do “muito obrigado” das famílias. “Elas fazem com que o sentimento de dever cumprido seja real”, acrescenta.

As ações da ONG Solidariedade e Paz durante a pandemia carregam números repletos de esperança. Até o momento, 940 cestas básicas foram entregues em mais de 10 comunidades ludovicenses. Axel prevê que setembro termine com 6.261 cestas entregues. Se a meta for atingida, serão mais de 20 mil famílias beneficiadas e 68.871 quilos de alimentos doados.

As mobilizações solidárias começaram assim que a pandemia teve início – Crédito: ONG Solidariedade e Paz

A universitária Klicya Nogueira, 23 anos, cresceu na periferia de São Luís e também viu na pandemia a chance de ser útil a outras pessoas. Com alguns amigos, arrecada alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social:

“É claro que no momento que nós estamos vivendo a exposição é um pouco arriscada, mas nada que impeça o desejo de ajudar”, ressaltou.

Geandra Rêgo, 43 anos, concilia a rotina de gerente de negócios com a missão solidária de doar alimentos, tempo e dedicação a pessoas desconhecidas. Coordenadora voluntária de doações na ONG Solidariedade e Paz, conta que chega a ser difícil descrever como se sente após uma ação: “Me sinto muito orgulhosa e com vontade de ajudar a melhorar a qualidade de vida da comunidade”, diz.

Sempre que possível, Geandra leva as duas filhas a ações sociais – Crédito: Arquivo pessoal

Além de fazer a sua parte, Geandra planta a semente de frutos que as gerações futuras vão colher. Ela faz questão de levar as duas filhas às ações, Amanda Gomes, 15 anos, e Gabriela Gomes, 7 anos, para ensinar a elas que fazer o bem é um dever de todos.

“É uma maneira de fazer as crianças participarem da realidade de uma comunidade, saber que um gesto ou uma soma de ações por você realizada foi capaz de mudar a vida de alguém. Nisso ganham você e o beneficiário da sua ação”, explicou.

A psicóloga Karleny Fonseca, 30 anos, explica que esse sentimento relatado frequentemente por quem participa de ações de ajuda humanitária tem implicações psicológicas e físicas. “É uma atitude que é benéfica tanto para a psique humana, quanto pro próprio corpo físico da pessoa que está fazendo e recebendo esse ato de empatia e de gentileza com o outro.”

Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative: https://newsinitiative.withgoogle.com/intl/pt_br/journalism-emergency-relief-fund/