Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que até 2019, 5% da população mineira exerceu algum trabalho filantrópico. No Brasil, 6,9 milhões de pessoas contribuíram de forma voluntária. Com a pandemia do coronavírus, o número de atitudes solidárias vai ultrapassar essa porcentagem nos próximos levantamentos.
Em Belo Horizonte, diversas organizações não governamentais (ONGs) e grupos sociais ajudam a população mais carente a superar esse momento de instabilidade econômica. O projeto “Periferia Viva” é uma das redes de apoio a favelas e vilas da capital e região metropolitana. A força-tarefa do projeto lançou dia 1º de setembro a campanha “Fraldinhas nas Vilas”, que consiste em doar fraldas ecológicas para crianças das favelas, periferias, comunidades indígenas e quilombolas.
De acordo com a coordenadora de articulações do Periferia Viva, Nathália Freitas, 23, desde o início da pandemia os líderes de comunidades têm recebido inúmeros pedidos. As doações de fraldas estão entre os principais. “Diante dessa alta demanda e pensando em uma solução sustentável e permanente, surgiu a ideia das fraldas ecológicas”, comenta.
As fraldas são sustentáveis e com ajustes para diversos tamanhos. Cada família recebe um kit com três fraldas por bebê, seis absorventes reutilizáveis e material informativo sobre o uso e instruções para lavagem adequada.
Já foi arrecadado 88% do valor total da campanha para a compra de fraldas. Segundo lideranças dos locais mapeados, as mães estão na expectativa para que o Periferia Viva atinja as metas. A representante do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas, Avelin Buniacá, 40, fala que as famílias acham o projeto interessante. “Fralda lavável remete ao uso antigo e não gera lixo, já que protegemos a mãe Terra”.
Outra iniciativa na região é da Ong Fala Bem Morro que arrecada e distribui alimentos com agendamento prévio para não ter aglomeração. A próxima doação será de itens de higiene para os moradores do Morro da Pedras. “Estamos com 100 famílias cadastradas e 70 crianças para receberem ajuda”, informa Rosimary Expedita, 43, presidente da Ong. A comunidade também está aguardando as doações do projeto Fraldinhas nas Vilas.
No município de Ribeirão das Neves, a Associação dos Moradores do Bairro Metropolitano/Fazenda Castro, em parceria com o projeto Leão de Ouro do 40º Batalhão da Polícia Militar, distribuiu kits de higiene com máscara, álcool gel e sabonete para a população local, além de cestas básicas e guloseimas para as crianças.
De acordo com o presidente da associação, Cleidson Brandão, 33, foram atendidas 250 famílias em vulnerabilidade social. Para ele é gratificante poder contribuir com o desenvolvimento dos mais necessitados. “Não é apenas ser voluntário, é amar a comunidade e fazer com que pequenas ações sejam impactantes e ecoadas”, declara.
Camila Lorrane, 31, é uma das beneficiadas pela associação. Ela mora com dois filhos pequenos e foi acolhida no momento mais crítico da pandemia. “Aqui não somos desamparados em época nenhuma do ano. O que falta é mais pessoas para apoiar, sem interesse político. Mesmo quando não tem cestas básicas no local, eles se empenham em ajudar. A força de vontade dos voluntários está sendo ainda maior”, comenta.
Próximo à divisa de Ribeirão das Neves, no bairro Mantiqueira, a estudante de direito Nathalia Caroline, 23, e a estudante de pedagogia Anna Maria Santos, 26, decidiram criar logo no início do distanciamento social o projeto “Chama Periferia”. Trata-se de um espaço virtual que divulga os empreendimentos dos moradores da região de Venda Nova que tiveram seus negócios paralisados por causa do isolamento. “A ideia inicial era criar um grupo e uma rede de apoio econômico, mas agora estamos focando também em conteúdos, ações para arrecadar recursos, espaço físico para promover arte e cultura para os moradores de favelas e periferias”, explica Nathalia Caroline.
O músico Miqueias Fernandes, 28, é professor de violão e idealizador do Projeto M, que reúne múltiplos artistas e atua no Programa Escola Aberta. O músico tem planos de levar a arte para a região de Venda Nova quando a Covid-19 passar. Enquanto isso, conta com o apoio da rede Chama Periferia para disseminar a cultura na comunidade por meio de vídeos durante a pandemia. “A galera que trabalha com a cultura e com a arte está passando um sufoco maior que o normal. Acredito que a música tem o poder de transformar vidas, então mesmo com toda a dificuldade, o Projeto M continua ativo através das redes sociais para acalentar um pouco a população que ainda precisa ficar em casa”, comenta.
Na região norte da capital, Jeremias Pereira, 46, gestor administrativo, é um dos líderes de jovens da Igreja Batista do Bairro Nova América, e conta que os pedidos de doações de alimentos se intensificaram. Só no último final de semana foram entregues 500 marmitex para a população vulnerável da região, além de cestas básicas que totalizam cerca de 400 desde o início da pandemia. “É uma obrigação fazer o bem sem esperar nada em troca. Espero que minhas filhas entendam e apliquem em suas vidas o valor de ajudar o outro”, comenta.
Existem diversas formas de ajudar o próximo no envolvimento com o trabalho voluntário. Em qualquer parte do mundo é possível atuar na causa que cada um se identifica. As áreas de turismo social, voluntário a distância, cultura e educação, animais, meio ambiente e esportes são opções de engajamento que podem mudar a vida de quem doa e de quem recebe.
Conheça alguns projetos em Belo Horizonte e saiba como participar
Fraldinhas nas Vilas: https://benfeitoria.com/fraldinhas
Associação dos Moradores do Bairro Metropolitano/Fazenda Castro: https://www.instagram.com/asmobam/
Igreja Batista Nova América:https://www.instagram.com/igrejabatistadenovaamerica/
Chama Periferia: https://www.instagram.com/chamaperiferia/
Projeto M: https://www.instagram.com/projeto.m.arte/
Ong Fala Bem Morro: https://www.instagram.com/ongfalabemmorro/
Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative