Espanha – Barcelona vive hoje, o 8 de março, um dia repleto de marchas, manifestos e até uma greve que marca o Dia Internacional da Mulher 2020. São mais de 500 grupos feministas, além de estudantes que dão um novo colorido lilás à cidade. Dentre as manifestações, um movimento se destaca: 8M Diverses, uma plataforma que manda o recado mais atual e mais democrático do feminismo na capital Catalana. Ela denuncia o sistema colonialista hétero patriarcal, racista, capitalista, antropocêntrico e criminoso que fragmenta a comunidade humana e a rede da vida!
Coletivos, ativistas, antiracistas, antifachistas, afro-catalanas, ciganas, migrantes, refugiados de diversas orígens, feministas, representantes de grupos em defesa da diversidade sexual, jovens muçulmanas, sindicato de trabalhadores sem papéis e dezenas de grupos integram o movimento 8M Diverses.
Aqui, o olhar do dia 8 de março não fica só em um manifesto, mas, sim, uma denúncia que exige mudanças e que dê uma garantia para superar o sistema colonial que ainda se vive em todo planeta. Onde os países mais ricos ainda se utilizam não só das riquezas naturais, mas também da população de países mais pobres, escravizando-os da mesma forma dos séculos passados, desconhecendo qualquer tratado de direitos humanos.
Portanto, fica a reflexão: como fazer uma greve, para os que não têm nem mesmo um trabalho registrado?
Como exaltar o tema internacional do dia da mulher de 2020 de um mundo igualitário entre homens e mulheres? Que igualdade? O exilado, o refugiado, o negro, o pobre, o marginalizado em um mundo individualista? Essa marcha nos faz lembrar a mensagem da grande ativista norte-americana, Angela Davis: o feminismo eficaz tem que lutar contra a homofobia, a exploração de classe, raça e gênero, o capitalismo e o imperialismo.
E nessa marcha que encontramos um pedaço do Brasil, as Mulheres Brasileiras contra o Fascismo que saíram cedo de casa. Algumas, direto do trabalho; e outras ainda retornam depois da manifestação. São artistas, advogadas, jornalistas, filósofas, professoras, empregadas domésticas, garçonetes, vendedoras. Aqui, o título, o cargo pouco importa, a religião para elas é uma questão da fé pessoal de cada uma. São nordestinas arretadas e porretas, são cariocas, são minas de Sampa, são gurias do Sul, são senhorinhas do norte do Brasil e hoje são uma coisa só: Mulheres Brasileiras Contra o Fascismo! Que, junto com mulheres de todos continentes, invadem as ruas de Barcelona cantando em uma só voz:
Mi CUERPA es mía, mi voz es mi fuerza, y nuestra marcha descolonial y diversa
Diversa sí!
Diversa soy!
Diversas juntas 8 de marzo. Divesa me siento yo
Construimos nuestra lucha, con nuestra divesidad
Porque somos las semillas, semillas de libertad
Feministas descoloniales somos nuevos referentes
Descolonizar la lucha, descolonizar la mente!
Fica o recado …
*Paty Cassemiro, colaboradora ANF – Internacional.