[reportagem de para o jornal A Voz da Favela de outubro de 2019]
Depois de 10 dias internada no Hospital Getúlio Vargas, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, por conta de uma infecção dentária, Verônica Maria, 35 anos, precisou de uma Unidade de Saúde da Família (USF), mais conhecida como Upinha, mas não conseguiu atendimento. Moradora do Morro da Conceição, Zona Norte, há 15, ela buscou uma segunda alternativa e procurou outra unidade próxima e também não teve sucesso. “Ninguém quis fazer os curativos, eu tive que comprar para fazer em casa”, conta Verônica.
Casos como os de Verônica têm sido recorrentes em vários municípios do Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue cumprir um dos principais artigos da Constituição Federal de 1988, que diz: ”Saúde é direito e todos e dever do Estado”. O SUS atende mais de 1,2 milhões de recifenses e é gerido pela Prefeitura do Recife. De acordo com o órgão, entre 2013 e 2018, cerca de R$ 200 milhões foram investidos na área da Saúde.
As Upinhas são uma das ações oferecidas para a população. No Morro da Conceição, assim como Verônica, mais de 10 mil habitantes contam com a USF local e da comunidade próxima, que fica no Alto José Bonifácio. “O atendimento às vezes é bom, às vezes não. Falta muita coisa”, avalia Verônica. Já Antônio da Silva, de 44 anos, dos quais de 40 viveu no Morro, é um dos usuários da unidade de saúde e elogiou o atendimento. Antes, ele era usuário de plano particular, mas precisou marcar sua primeira consulta no posto do bairro. “Eu gostei do atendimento. Já marquei meu dentista”, comentou.