Os rodoviários da empresa Consórcio Salvador Norte pararam as atividades na manhã desta segunda-feira (29), em Salvador- Crédito: Divulgação

A Prefeitura de Salvador anunciou um reajuste de R$ 0,40 na tarifa do transporte público, elevando o valor da passagem de R$ 5,20 para R$ 5,60, a partir do próximo sábado (4). Com isso, o aumento de 7,69% vem apenas um mês após o último reajuste, em novembro de 2023, quando o valor foi alterado de R$ 4,90 para R$ 5,20. Embora o novo preço tenha sido publicado pela Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal), no Diário Oficial do Município, na última quinta-feira (2), os usuários do sistema de transporte coletivo na cidade seguem enfrentando uma série de problemas que tornam a experiência de locomoção diária um verdadeiro desafio.

Apesar do aumento, os serviços continuam longe de atender às expectativas dos passageiros. A superlotação nos ônibus é um dos problemas mais recorrentes. Muitos moradores do Subúrbio enfrentam longas horas de espera, mesmo contando com o sistema de integração, que deveria facilitar o trânsito na cidade. “É uma rotina exaustiva. O ônibus sempre chega lotado, e mesmo quando há integração, o tempo de espera é enorme. Chego atrasado no trabalho quase todos os dias”, afirma um morador do Subúrbio.

Outro ponto de grande insatisfação entre os usuários é a qualidade dos veículos. Relatos de passageiros apontam que, muitas vezes, os ônibus estão em péssimas condições de conservação. O transporte público da capital baiana tem sido alvo de críticas por causa de um problema muito peculiar: insetos, como baratas, frequentemente aparecem dentro dos veículos. “Já passei por uma situação horrível dentro de um ônibus, onde as baratas estavam andando por todo o assento. Tive que ficar de pé até chegar ao meu destino, e ninguém fez nada”, conta uma usuária moradora de Cajazeiras.

Além disso, odores desagradáveis e falta de higiene são constantes em algumas linhas, agravando ainda mais o desconforto diário. O cheiro forte de suor e o calor excessivo dentro dos ônibus, muitas vezes sem ar-condicionado, fazem com que a experiência de viagem seja ainda mais insuportável. “É uma verdadeira tortura. Não dá para aguentar o mau cheiro e o calor. Às vezes, eu nem sei como não desmaio dentro do ônibus”, reclama um morador da Liberdade.

A falta de segurança também é um tema preocupante. A violência tem sido uma constante preocupação para quem depende do transporte público. Passageiros relatam assaltos, furtos e até agressões dentro dos ônibus, sem que haja uma resposta eficaz por parte das autoridades. “Já vi gente ser assaltada dentro do ônibus e, muitas vezes, não tem ninguém para ajudar. A sensação de insegurança é enorme”, afirma um morador de Periperi.

Com o aumento da tarifa, os cidadãos esperam um transporte público de qualidade e mais eficiente, mas, ao que tudo indica, os problemas estruturais e a falta de fiscalização continuam a prejudicar a experiência de quem depende desse serviço essencial. O reajuste traz um alívio momentâneo para os cofres públicos, mas para os passageiros, a situação é de frustração e desgaste.