Terça-feira marcada por violência nas Comunidades do Tabajaras e Cabritos

Créditos: Mariana Cunha

A manhã dessa terça (28) começou com mais uma operação policial no Tabajaras e Cabritos. Policiais militares entraram na favela por volta das 5h da manhã e a troca de tiros foi intensa em diversos pontos durante mais de uma hora. Além do horário do tiroteio impedir grande parte dos moradores de chegarem ao trabalho, foi mais uma operação marcada por inúmeros relatos de abuso por parte dos policiais.

Ainda no início da manhã, uma moradora da localidade conhecida como Ninho das cobras, que já teve sua casa invadida outras vezes durante operações, conta que dessa vez os policiais permaneceram atirando de dentro do seu pátio.

Quando eu puxei a cortina vi que tinha cinco policiais. Eu falei que tinha criança em casa e pedi pra irem embora, mas ele me mandou entrar e continuou atirando. Ficaram na minha varanda por cerca de trinta minutos trocando tiro, meu filho acordou gritando, eu não conseguia nem falar. Eles entram humilhando todo mundo, fazendo os moradores de escudo. Meu filho só tem 5 anos e não entende bem, não sabia o que estava acontecendo.” relata.

Cápsulas recolhidas do pátio da moradora.

As creches da comunidade também não funcionaram durante o dia e uma delas – a Creche municipal Tia Sônia Crispiniano – pode continuar com o serviço suspenso devido à danos no transformador de luz, causados pelos tiros. Em conversa com a reportagem da agência de notícias das favelas, uma funcionária da Paróquia Santa Cruz – localizada no Tabajaras – falou sobre a dificuldade cada vez maior em manter a outra creche, Cantinho da Natureza, tanto pela falta de recursos como pela falta de segurança.

 

 

– A sensação que eu tenho é de humilhação. A gente não ta tirando de ninguém, a gente só quer ter o direito de ir e vir.

Um dos meios de arrecadar recursos para a Cantinho da Natureza são os eventos beneficientes realizados na Paróquia, que também serão prejudicados já que parte das caixas de som utilizadas nesses eventos teriam sido queimadas por policiais durante a operação de hoje. O equipamento de som, que é emprestado de um morador e comerciante local, fica guardado em um bar.

(Foto: Mariana Cunha)

Segundo testemunhas que estavam próximas ao estabelecimento, policiais encapuzados teriam ainda ligado os amplificadores na tomada e em seguida jogado água em cima. O dono do bar afirma que o estrago causado pelo incêndio nas caixas de som não foi maior graças aos vizinhos, que conseguiram controlar o fogo ainda no início.

Em nota a Polícia Militar diz que está realizando um reforço no patrulhamento dentro da área da comunidade, e que não houve feridos, os tiros foram apenas de confronto com criminosos.