O feminismo, sem dúvida, é o movimento de luta que mais nos têm emocionado nos últimos tempos. Da Marcha das Vadias ao Dia Internacional da Mulher, do Mulheres Contra o Cunha ao Mulheres Pela Democracia, do Dia da Mulher Afrocaribenha à Marcha das Mulheres Negras, é de se admirar e muito o posicionamento político e a potência de todas elas.
Ontem, a orla de Copacabana recebeu a III Marcha das Mulheres Negras. Foi um dos atos mais bonitos que tive o prazer de acompanhar nesse ano tão triste para a nossa democracia. Desde cedo, a concentração já dava sinais de que a marcha entraria nos corações e mentes de todos os presentes. A primeira ala fazia uma justíssima homenagem à saudosa Mãe Beata, carregando uma bela faixa com sua foto estampada. Havia várias alas representando comunidades quilombolas de várias cidades do Estado do Rio de Janeiro e outras regiões do país.
Muita emoção também na ala das Panteras, que fizeram uma espécie de linha de frente, dando proteção à marcha. Os blocos afro também estavam presentes. Com a garra e força de sempre de uma militância ativa desde os anos 80, Lemi Ayó e Orunmilá ditaram o ritmo das alas atrás do primeiro carro de som. Com toda a potência dos tambores, filhas de santo e oyás com suas vestes brancas transmitiam e desejavam paz a todas as pessoas presentes.
Destaco também o acolhimento que a organização e participantes do ato tiveram com todas as pessoas, independente de, raça, cor, religião e gênero. Todos foram muito bem recebidos, inclusive homens brancos. Só era solicitado que os homens ficassem na lateral da caminhada para deixar as mulheres protagonizarem um ato e reivindicação que é toda delas.
Elas também pediram o fim do genocídio contra a juventude negra e criticavam o capitalismo, que é o grande vilão do racismo e machismo institucional.
A programação incluiu, no fim da caminhada, já no bairro do Leme, uma feira de artesanato para divulgação de trabalhos realizados por mulheres negras. Foi uma pequena mostra de como a mulher negra está se incluído no mercado de trabalho informal. Uma roda de samba formada só de mulheres finalizou o lindo ato de ontem.
Vida longa ao mulherismo negro!