Ontem, 17, o coletivo Olabi lançou o Preta Lab, que tem como objetivo reunir dados sobre mulheres negras na tecnologia. Através de um mapeamento colaborativo, busca-se organizar e formar uma rede de programadoras. O mercado é dominado pelo público masculino desde sempre e, por mais que as mulheres venham tomando cada vez mais espaço, o campo é majoritariamente branco.
Nós, jovens, temos a tecnologia disponível em todos os momentos com uma facilidade ainda surpreendente. Porém, o que surpreende de verdade é não termos uma diversidade na produção de todas essas aplicações e aplicativos. Não se trata apenas de manejar redes sociais no celular. Mulheres negras precisam dominar processos, intervir na sociedade e fazer da tecnologia da informação mais uma ferramenta de luta. Mas como é vista uma mulher negra ou mulher trans pensando esse campo? Somos invisíveis e invisibilizadas.
O PretaLab busca unir mulheres não apenas da área de exatas. Cientistas sociais, trabalhadoras do audiovisual, entre outras formações fora da engenharia também estão público-alvo. Esse perfil esperado é a preta maker que acompanha tutorial no Youtube, que não espera acontecer ou ter uma chance para tanto. É aquela que acredita que é possível. Quantas de nós trabalham com ocupações diferentes daquelas em que nos graduamos na academia? A gana de ocupar espaços já foi além: criamos espaços e formulamos. Queremos agora ser referência – e seremos.
Resistamos para que não sejamos rendidas. Dominar códigos de computação é poesia, é cultura, é mudar paradigmas. Silvana Bahia, diretora de projetos do Olabi afirma: “Somos nós, mulheres negras, que podemos transformar esse país. E isso passa por entender melhor as inovações e tecnologias”. Se o empreendedorismo branco na periferia sempre foi sobrevivência, imaginem quando mostrarmos que “a inclusão social não é nivelar por baixo”, como disse durante o evento a jornalista e fundadora da ONG Desabafo Social Monique Evelle. Afinal, trabalho de preto só pode ser trabalho de excelência.
Pretas, continuemos a revolução. Vamos transformar a internet. Vamos deixar de ver o preto e verde de Matrix e colorir do jeito que nós quisermos.